Título: Presidente cobrará regulação no G-20
Autor: Damé, Luiza; Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 18/09/2009, Economia, p. 27

Fórum no Rio discute ações para combater os efeitos da crise financeira

BRASÍLIA e RIO Em mais uma rodada de debates em organismos internacionais, na próxima semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva insistirá na necessidade de maior regulação do setor financeiro e alertará para "a leniência com o capitalismo financeiro desregulado". Nas intervenções que fará na assembleia geral da Organização das Nações Unidas (ONU) e no G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo), nos Estados Unidos, Lula falará sobre a superação da crise, mas defenderá a manutenção das medidas anticíclicas.

- Na mesma linha do pronunciamento na ONU, o presidente reafirmará, em Pittsburgh (EUA), que é essencial renovar o ímpeto de reforma do sistema financeiro e rejeitar a leniência com o capitalismo financeiro desregulado - disse o porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach.

Em visita a Brasília, o representante de Comércio dos Estados Unidos, Ronald Kirk, afirmou ontem, após se reunir com o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que aguardará a decisão do governo brasileiro sobre como pretende usar a autorização dada ao Brasil pela Organização Mundial do Comércio (OMC), no sentido de retaliar os EUA em cerca de US$800 milhões por subsídios a produtores de algodão. Segundo Amorim, a preferência é sempre pela negociação, mas que os EUA vêm descumprindo a decisão da OMC há anos.

- Vejo com bons olhos a possibilidade de se chegar a acordo - disse Kirk.

O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, disse ontem que acredita que o país vai fechar o ano "no positivo", perto de 1%. Para ele, a crise no Brasil já acabou.

- Houve um momento em que os mercados projetaram queda superior a 2%. Vamos provavelmente fechar o ano no positivo e espero até mais perto de uma alta de 1%, o que é um fato extraordinário - disse ele, após participar da abertura do Fórum Especial do Instituto Nacional de Altos Estudos (INAE).

Durante o fórum, empresários e representantes de entidades de classe discutiram a nova versão do plano de ação contra a crise, apresentado em maio. O ex-ministro Reis Velloso destacou a necessidade de mobilização da sociedade para passar pela crise com aproveitamento das possibilidades econômicas e sociais a favor de um melhor modelo de desenvolvimento com inclusão. A nova versão do plano prevê oportunidades estratégicas no pré-sal e educação e emprego para os pobres, entre outros itens.