Título: Pesquisa no melhor momento do país, antes da recessão
Autor: Almeida, Cássia; Batista, José Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 19/09/2009, Economia, p. 27

Em setembro, foram visitados 150.591 domicílios. IBGE não captou efeitos da crise internacional

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada na última semana de setembro de cada ano pelo IBGE, visitou 150.591 domicílios no Brasil, entrevistando 391 mil pessoas em 2008, num momento que a economia brasileira vivia seu melhor momento. A expansão chegou a mais de 6% ao ano. No mês seguinte, o país começava a entrar em recessão, num recuo pouco visto na história brasileira. De um trimestre para o outro, o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) saiu de uma alta de 1,3% no terceiro trimestre para queda de 3,4% no quarto trimestre, lembrou o presidente do IBGE, Eduardo Nunes, para explicar os bons resultados do mercado de trabalho mostrados pela Pnad mesmo num ano de crise:

- A pesquisa foi feita no melhor momento econômico e não captou os efeitos da crise financeira internacional.

E os pesquisadores da Pnad voltam às ruas exatamente na última semana deste mês, quando a economia começar a se recuperar com mais força e, pelas previsões pode crescer até mais que o pico da expansão do terceiro trimestre de 2008. A recessão ficou para trás e o desemprego já começou a cair em julho.

- Tudo indica que a crise aqui foi relativamente curta e já estamos retomando o bom momento da economia brasileira, que vivíamos até o meio do ano passado, inclusive no mercado de trabalho. O cenário para o segundo semestre e para 2010 parece ser muito bom - afirmou o economista Marcos Lisboa.

Portanto, a história dos indicadores sociais do Brasil, mesmo com o rigor da crise que atingiu o mundo no ano passado, não mostrará os efeitos desse baque na economia, diante da breve recessão vivida pelo país.

O IBGE divulga, até o fim do ano, os suplementos da Pnad. Em 2008, o instituto pesquisou tabagismo, tecnologia de informação e comunicação e saúde. Em 2009, será a vez da segurança alimentar, de vitimização e acesso à Justiça. (Cássia Almeida e Henrique Gomes Batista)