Título: Número de brancos recua para 48%, e pardos passam de 42,5% a 43,8%
Autor: Ribeiro, Fabiana; Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 19/09/2009, Economia, p. 30

Em 2008, 6,8% se classificaram como pretos, menos que em 2007

Os brancos, que em 2007 deixaram de ser a maioria da população brasileira, ficaram um pouco mais para trás em 2008 - quando o país, em geral, tornou-se mais mulato. Pois houve, também, uma redução no índice de pretos e, no mesmo período, um aumento acentuado dos que se declararam como pardos.

Na pesquisa de 2007, 49,2% das pessoas se definiram como brancas aos pesquisadores do IBGE. Em 2008 o índice caiu para 48,4%. Paralelamente, enquanto 7,5% se classificaram como pretos naquele ano, em 2008 apenas 6,8% disseram pertencer àquela raça. Pessoas das raças amarela e indígenas seriam apenas 0,9% (eram 0,8% em 2007).

Em compensação o grupo das que afirmaram ser pardas subiu de 42,5% para 43,8%. Esse contingente cresceu em todas as grandes regiões - exceto na Centro-Oeste, onde não houve variação.

Para um especialista no assunto, Marcelo Paixão, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),

esse fenômeno - redução de brancos e pretos, e ao mesmo tempo um aumento de pardos (sem que houvesse uma alteração significativa no índice de natalidade) - solidifica uma tendência que deverá se tornar constante. - O que estamos vendo é, principalmente, um movimento no sentido do desbranqueamento da sociedade brasileira. O país que, tempos atrás, queria se tornar ou parecer europeu está começando a reconhecer uma matriz não européia. E passa, claramente, a valorizar mais essa identidade não européia - disse Paixão, coordenador do Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais da UFRJ.

- Temos de reconhecer de que tanto pretos quanto pardos são beneficiados por essas políticas - acrescentou.

Paixão, no entanto, acredita mais numa mudança estrutural do comportamento dos brasileiros, em se tratando tanto de raça quanto de cor:

- Creio que estamos presenciando movimentos decorrentes de uma percepção que surge a partir de uma abertura de nossa sociedade ao debate racial, que antes ficava restrito a uma redoma - afirmou.

Pardos são maioria no Norte e Nordeste; brancos, no Sul

O informe do IBGE mostra um país racialmente dividido em termos de região. Isso porque os habitantes da parte superior do território nacional se declararam predominantemente pardos e pretos.

No Norte, os pardos seriam 71% da população, e os negros, 5,1%. No Nordeste as proporções seriam, respectivamente, de 62,2% e 7,9%. Em compensação, nada menos do que 78,7% dos habitantes do Sul se declararam brancos - com apenas 3,5% de pretos e 17% de pardos.

O IBGE registrou, ainda, variações interessantes em termos de migração. Descobriram o índice das pessoas não naturais do município onde residiam era de 40,1% em 2008 (contra 39,8% em 2007). A busca por melhores oportunidades de trabalho era a principal justificativa para isso.