Título: Quase metade das casas ainda sem rede de esgoto
Autor: Ribeiro, Fabiana; Martin, Isabela
Fonte: O Globo, 19/09/2009, Economia, p. 31

Apesar do avanço em 1,7 milhão de moradias, 27 milhões não tinham o serviço

À primeira vista, o informe é positivo: quase dois milhões (1,7 milhão) de lares brasileiros passaram a fazer parte da rede de coleta de esgoto no ano passado. Dessa forma, o total das residências que dispunham desse serviço básico chegou a 30,2 milhões.

Mas é justamente nesse ponto que se nota uma realidade ainda triste, pois afinal o Brasil tem um total de 57,5 milhões de moradias. E isso, portanto, significa que 27,3 milhões - ou seja, quase a metade delas (47,5%) - não contavam com tal atendimento em 2008.

Monta-se uma fachada razoável quando se acrescenta ao índice da rede coletora o percentagem de moradias (20,7%) que eram servidas por fossas sépticas. O total passa a ser, então, de 73,2%. Mas, ainda assim, 26,8% - ou 15,4 milhões de domicílios - não tinham qualquer tipo de esgotamento sanitário, ou contavam apenas com uma vala ou, então, despejavam os detritos em rios, lagos ou mar.

Retrocesso expressivo na região Norte do país

Em vez de melhorar, a situação desse último grupo de domicílios piorou, pois houve um aumento de 603 mil deles nessas condições precárias em todo o país. Notou-se, inclusive, um cenário ainda mais alarmante na região Norte. Ali a situação se deteriorou.

Nada mais do que 10% tinham coleta de esgoto em 2007, e esse índice se tornou ainda menor em 2008: 9,5%. Dos quatro milhões de domicílios existentes naquela região, apenas 380 mil contavam com uma efetiva rede coletora de esgotos.

Em termos de abastecimento de água e coleta de lixo, houve uma melhoria generalizada no Brasil: 83,9% dos lares recebiam água (houve um aumento de 1,9 milhão de domicílios atendidos) e 87,9% tinham o seu lixo recolhido (um aumento também de 1,9 milhão de residências).

- O grande destaque em termos de água foi o Nordeste, onde 770 mil domicílios passaram a contar com esse tipo de abastecimento - apontou o economista William Kratochwill, da Coordenação de Trabalho e Rendimento, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com os dados recolhidos pelos pesquisadores daquela entidade, falta muito pouco para que a rede elétrica seja universalizada no Brasil. Afinal, em 2008 nada menos do que 98,6% dos lares tinham esse serviço. E o índice era quase perfeito nos estados do Sudeste, onde chegou a atingir os 99,8%.