Título: Na ONU, Lula falará sobre crise e clima
Autor: Damé, Luiza
Fonte: O Globo, 21/09/2009, O País, p. 4

Com rodada de viagens, presidente soma 2 meses fora do país em 2009

BRASÍLIA. Com a viagem pelos Estados Unidos e pela Venezuela, que começa nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá passado dois meses fora do Brasil em 2009. O presidente embarca hoje para os Estados Unidos e ficará no exterior toda a semana, entre reuniões da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York; do G-20 (grupo de países desenvolvidos e emergentes), em Pittsburgh; e da Cúpula da América do Sul-África, em Isla Margarita, na Venezuela. Lula terá um encontro com o presidente venezuelano, Hugo Chávez, para tratar de acordos entre os dois países. Não está descartada uma reunião com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para discutir a instalação de bases americanas na Colômbia.

Lula também visitará Dinamarca e Bélgica

Entre os dias 28 e 30 deste mês, Lula fará escala no Brasil para, entre outros assuntos, nomear o substituto do ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, indicado para o Tribunal de Contas da União (TCU). O ministro interino, Alexandre Padilha, deverá ser efetivado no cargo.

Depois, o presidente embarcará para a Europa e ficará mais seis dias fora, para defender a candidatura do Rio à sede das Olimpíadas de 2016, em Copenhague (Dinamarca), e fazer uma visita oficial à Bélgica. Nos primeiros oito meses deste ano, Lula passou 52 dias no exterior, em visita a 25 países, e recebeu 27 chefes de Estado, entre eles o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, e os presidentes da França, Nicolas Sarkozy; do México, Felipe Calderón; e do Chile, Michelle Bachelet.

Hoje à noite, em Nova York, o presidente receberá o prêmio Woodrow Wilson for Public Service, que homenageia pessoas que se destacaram na execução de programas sociais. No dia seguinte, participará do jantar oferecido pelo secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon.

Na abertura da Assembleia-Geral da ONU, na quarta-feira, Lula fará um pronunciamento voltado para a crise econômica, a ausência de governança mundial estável e a ameaça da mudança do clima. Lula dirá que, embora a economia mundial esteja se recuperando, é necessário manter medidas anticíclicas, e cobrará maior regulação do sistema financeiro.

O presidente defenderá a reforma dos organismos multilaterais, como o FMI, o Banco Mundial e a ONU. Para Lula, a estrutura da ONU não é representativa nem adequada ao momento atual, o que explicaria sua incapacidade de centralizar o debate sobre a crise econômica.

- No campo da paz e segurança internacionais, a representatividade deve ser traduzida na existência de um Conselho de Segurança renovado, aberto a novos membros permanentes - diz Marcelo Baumbach, porta-voz da Presidência.

Lula atacará o que chamaa de "resistência dos países desenvolvidos" a assumir sua parte na mudança climática. O presidente dirá que a redução das emissões de gás carbônico depende de todos, mas que aqueles mais desenvolvidos têm de transferir tecnologia para preservar o ambiente e e garantir o desenvolvimento sustentável.

Na quinta-feira, na reunião do G-20, o presidente manterá o tom do discurso da ONU e defenderá a consolidação do grupo como fórum de líderes para discussão de temas econômicos e financeiros, com regras claras de trabalho que confiram regularidade ao processo.