Título: Política de visibilidade externa tem custos
Autor: Galhardo, Ricardo
Fonte: O Globo, 21/09/2009, O País, p. 4

Para especialista, resultados demandam tempo

SÃO PAULO. Mais do que esforço diplomático e político, o aumento da visibilidade do Brasil no cenário internacional, resultado da política externa do governo Lula, tem demandado dinheiro. A missão de paz no Haiti já consumiu, segundo o Ministério da Defesa, US$577 milhões (R$1 bilhão) com treinamento, envio e manutenção das tropas. O dinheiro pagaria 10 milhões de benefícios do Bolsa Família. A ONU reembolsou apenas US$126 milhões.

No campo da assistência humanitária, desde 2006 o Brasil distribuiu 1,7 mil tonelada de alimentos e 82 mil remédios em 37 países.

Há outros gastos, como os estimados R$31 bilhões para a compra de aviões e submarinos de combate, a construção de pontes e estradas interligando os países vizinhos e contribuições voluntárias a organismos internacionais.

- Este é o custo progressivo e crescente da política externa brasileira. É algo nunca antes visto no Brasil, uma escolha do governo Lula. E não é agora que veremos o resultado disso. A política externa exige um tempo de maturação - avalia o coordenador do curso de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas, Matias Spektor.

Segundo o Ministério da Defesa, a missão no Haiti traz como benefícios "a maior inserção do Brasil no concerto das nações e em processos decisórios internacionais" e "a oportunidade de proporcionar maior visibilidade internacional ao país".

De 2003 a 2008, os financiamentos do BNDES para países da América Latina subiram de US$222 milhões para US$650 milhões. Até julho deste ano já foram liberados US$504 milhões para os vizinhos. Outro foco do BNDES é o continente africano. Só para Angola foi liberada linha de crédito de R$1,7 bilhão.

- O BNDES é componente da política externa. Somos um banco. Financiamos com base em garantias concretas. Queremos ser uma espécie de porta-voz das iniciativas do governo no exterior - disse a chefe do Departamento de Comércio Exterior do BNDES, Luciene Machado.