Título: No AC, Hildebrando é julgado por crime da motosserra
Autor: Barbosa, Jairo
Fonte: O Globo, 22/09/2009, O País, p. 11

Ex-deputado foi acusado de liderar grupo de extermínio

RIO BRANCO. O Tribunal do Júri de Rio Branco começou ontem o julgamento do ex-deputado federal e ex-coronel da Polícia Militar do Acre Hildebrando Pascoal, acusado de esquartejar e assassinar o mecânico Agilson Firmino dos Santos, o Baiano, no caso que ficou conhecido como o crime da motosserra. Segundo a denúncia do Ministério Publico, Baiano foi serrado vivo com motosserra operada por Hildebrando e sua quadrilha. O crime aconteceu em julho de 1996, em Rio Branco.

Entidades de direitos humanos fizeram uma manifestação em frente ao fórum para pedir justiça. Hildebrando sentou no banco dos réus ao lado do funcionário público Adão Libório e do sargento da PM Alex Fernandes Barros, que também são acusados no processo.

Baiano foi assassinado porque era acusado de envolvimento no assassinato, em 1996, de Itamar Pascoal, irmão de Hildebrando.

Ele era funcionário de José Hugo, apontando como autor da morte de Itamar.

Investigado em CPI, ele foi cassado em 1999 Na Justiça Federal, Hildebrando Pascoal já acumula penas que somam mais de 88 anos de prisão, por tráfico de drogas e formação de quadrilha.

Ele foi condenado em quatro processos por homicídio na Justiça estadual, cujas sentenças somam 68 anos e seis meses de prisão. Destes, já cumpriu nove anos, 11 meses e 19 dias, restando 20 anos e três dias. Ex-deputado federal pelo PFL do Acre, Hildebrando foi cassado em 1999 depois de sofrer investigações da CPI do Narcotráfico e do Ministério Público Federal.

No crime da motosserra, o esquadrão da morte, grupo de extermínio comandado pelo então coronel da polícia acreana, realizou uma caçada a Baiano e José Hugo. O primeiro foi localizado em Sena Madureira, cidade acreana distante 144 quilômetros de Rio Branco. Torturado, Agilson Firmino dos Santos teve pés e mãos serradas a golpes de motosserra.

No mesmo ano, o bando de Hildebrando localizou José Hugo no Piauí e também o executou.

Ontem, foram ouvidas testemunhas de acusação. Foram interrogados a viúva de Baiano, Ivanilda Lima de Oliveira, e o arcebispo de Porto Velho, Dom Moacyr Grechi, que na época era o bispo de Rio Branco. A viúva disse que foi obrigada por Hildebrando a deixar o Acre às pressas para não morrer. Ela levou somente dois dos três filhos.

Wilder Firmino dos Santos, que tinha 13 anos na época, foi morto com a mesma crueldade aplicada ao pai