Título: Mercado agora descarta recessão no país
Autor: Duarte, Patrícia; D'Ercole, Ronaldo
Fonte: O Globo, 22/09/2009, Economia, p. 22

Projeção do Focus para 2009 passa de retração de 0,15% a zero

BRASÍLIA e SÃO PAULO. Os bons resultados da economia levaram o mercado a concordar com o governo e prever que 2009 não terá recessão.

Segundo a pesquisa semanal Focus, do Banco Central (BC), que ouve cerca de 80 instituições financeiras, o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos no país) deste ano deve fechar no zero a zero. Na semana anterior, a projeção era de retração de 0,15%.

Desde março, o Focus mostrava que os especialistas esperavam desempenho negativo.

Para o governo, o PIB deve crescer 1% no ano. O otimismo também se refletiu nas projeções para 2010, cujo crescimento passou de 4% para 4,20%, segundo o Focus.

A melhora veio com a divulgação do resultado do segundo trimestre, com expansão de 1,9%, acima do esperado. Mas também foi impulsionada pela recuperação de outros indicadores, como emprego e indústria.

¿ O Brasil está se consolidando como polo de atração de investimentos, como uma economia com bom potencial de crescimento ¿ afirmou o economista-chefe do WestLB, Roberto Padovani, que vê a indústria como motor da retomada.

O Focus projeta que a indústria vai encolher 7,25% este ano e crescer 6% em 2010. Para a inflação, as estimativas continuam abaixo do centro da meta do governo, de 4,5% pelo IPCA: 4,31% em 2009 e 4,30% no ano que vem. Já a Taxa Selic ficaria nos atuais 8,75% até o fim deste ano, subindo para 9,25% em 2010, enquanto o dólar ficaria em R$ 1,80 nos dois anos.

A agência de classificação de risco Moody¿s também mostrou otimismo: em relatório divulgado ontem, segundo o site G1, ela afirma que a economia latino-americana se prepara para um novo ciclo de expansão em 2010, depois de uma leve recessão. O crescimento será liderado pelos países do Cone Sul, com o Brasil na ponta, seguido por Peru, Chile e Colômbia.

A Moody¿s projeta crescimento potencial de 4% em 2011, podendo chegar a 5% anuais a longo prazo. A Moody¿s classifica a recessão vivida pela América Latina como leve, mas ressalta que ainda são necessárias mais reformas, especialmente nos segmentos de energia, serviços bancários e mercado de trabalho. (Patrícia Duarte, com G1)