Título: Toffoli busca apoio entre os senadores da CCJ
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Fonte: O Globo, 23/09/2009, O País, p. 10

Em romaria pela Casa, advogado-geral da União entrega currículo e diz que levará juventude ao STF BRASÍLIA. O advogado-geral da União, José Antonio Toffoli, fez ontem uma romaria pelos gabinetes do Senado. Como se estivesse em campanha política, ele foi pessoalmente cumprimentar os integrantes da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Começou o périplo pela manhã e só deixou a Casa à noite. Se for aprovado na sabatina, esperada para o dia 30, ele poderá tomar posse como ministro do Supremo Tribunal Federal. Ele foi indicado para o cargo semana passada pelo presidente Lula.

Aos senadores, Toffoli entregou um kit, com currículo, relatório com sua atuação à frente da Advogacia Geral da União (AGU), cartão de visitas e cópia da decisão que suspendeu os efeitos de uma condenação que o obrigava a devolver R$ 700 mil aos cofres do Amapá. No processo, ele é acusado de ter sido contratado ilegalmente como advogado do governo do estado em 2000. Ele recorreu e aguarda o julgamento final do TJ-AP.

O presidente da CCJ, Demóstenes Torres (DEM-GO), recebeu um kit maior, com certidões negativas provando que Toffoli não tem pendência na Justiça ou na polícia. Recebeu ainda uma cópia das mais recentes declarações de Imposto de Renda do advogado. Com a mesma oratória usada em julgamentos, Toffoli tentou usar a seu favor uma de suas características pessoais apontadas como desvantagem: a pouca idade.

¿ Vou levar a juventude para o Supremo ¿ disse ele ao senador José Agripino (DEMRN), em conversa reservada.

Insistente, Toffoli apresentou mais um argumento: ¿ Vou ser um juiz calado, vou ter uma postura discreta.

O percurso incluiu os gabinetes de Eduardo Suplicy (PT-SP), Romero Jucá (PMDB-RR), Lúcia Vânia (PSDB-GO), Sadi Cassol (PT-TO), João Ribeiro (PR-TO) e Sérgio Guerra (PSDB-PE). Nos corredores, Toffoli cumprimentava efusivamente outros senadores.

Pediu audiência a Antonio Carlos Júnior (DEM-BA).

Com a imprensa, foi lacônico.

¿ Vou visitar todos os senadores da comissão. Nesse caso, não existe governo e oposição.

Estou me apresentando, estou à disposição deles.

O relator da indicação, Francisco Dornelles (PP-RJ), disse que o relatório será apresentado hoje à CCJ. Já está combinado um pedido de vista coletiva e a sabatina ocorrerá no dia 30. O líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), tentou negociar a sabatina para hoje, mas falhou.

A intenção era evitar que notícias sobre processos dessem mais munição à oposição. Mesmo derrotado, Jucá disse acreditar numa sabatina tranquila.