Título: Hildebrando é condenado por crime da motosserra
Autor: Barbosa, Jairo
Fonte: O Globo, 24/09/2009, O País, p. 10

Ex-deputado, preso desde 1999, cumprirá mais 18 anos

RIO BRANCO. O ex-deputado federal Hildebrando Pascoal foi condenado a 18 anos de prisão em regime fechado pelo assassinato do mecânico Agilson Firmino dos Santos, o Baiano, morto cortado por motosserra em 1996, no Acre. O Conselho de Sentença aceitou a denúncia do Ministério Público Estadual e condenou Hildebrando por um crime atribuído ao grupo de extermínio liderado por ele. O juiz Leandro Leri Gros, em sua justificativa, disse que ¿as circunstâncias da morte da vítima revelam insensibilidade do acusado¿, por isso aplicou a pena de 15 anos com mais três anos como agravante por causa do histórico do réu.

Também foram julgados o sargento da PM Alex Fernandes Barros e o funcionário público Adão Liborio. Os dois foram absolvidos. Hildebrando permaneceu calado e balançou a cabeça negativamente quando ouviu a sentença. O advogado do ex-deputado, Sanderson Moura, disse que vai recorrer da decisão.

Hildebrando, preso em 1999, vai cumprir a pena no presídio Antonio Amaro Alves, em Rio Branco, onde está desde 2002, cumprindo os 88 anos a que foi condenado pelos crimes de narcotráfico, formação de quadrilha, compra de votos e homicídio.

Segundo as testemunhas, braços, pernas e pênis da vítima foram cortados com uma motosserra.

O mecânico ainda teve os olhos furados e um prego cravado na testa. Na ocasião, o filho da vítima, de apenas 13 anos, também foi assassinado.

Mais de 15 testemunhas foram ouvidas pelo juiz Leandro Gross.

Entre elas está a mulher de Agilson e dois filhos que, no dia em que ele foi morto foram ameaçados e levados para o quartel da PM pelos policiais.

Promotores exibiram fotos das vítimas do esquadrão No último dia do julgamento, que começou segunda-feira, defesa e acusação trocaram ofensas diante do júri. Para tentar convencer os sete jurados que o ex-coronel da Polícia Militar é o autor da morte de Agilson Firmino dos Santos, os promotores montaram um telão, no centro do júri, para exibir vídeos e fotos das vítimas do esquadrão da morte, liderado por Hildebrando. Cerca de 120 pessoas, entre elas parentes dos três réus, acompanharam a sessão de ontem.

Além de várias mortes atribuídas ao grupo de extermínio, Hildebrando, de 57 anos, é acusado de mandar matar quatro testemunhas do crime. Em setembro de 1999, ele teve o mandato cassado por quebra de decoro parlamentar. Em 2006, o exdeputado federal foi condenado a 18 anos e 6 meses de prisão pelo assassinato do soldado do Corpo de Bombeiros Sebastião Crispim, ocorrido em setembro de 1997. Hildebrando já havia sido condenado a 25 anos e 6 meses de prisão por homicídio triplamente qualificado, acusado de mandar matar um policial. O bombeiro iria testemunhar contra ele, mas foi assassinado.

* Especial para O GLOBO