Título: Capitalização de R$ 36 bi do BNDES leva dívida pública federal a R$ 1,5 tri
Autor: Beck, Martha
Fonte: O Globo, 24/09/2009, Economia, p. 30

Mas queda de juros e da inflação reduziram custo médio para o governo

BRASÍLIA. Uma emissão de R$ 36 bilhões para capitalizar o BNDES foi a principal responsável pelo aumento da dívida pública federal em agosto. O estoque fechou o mês em R$ 1,509 trilhão, o que representa uma alta de 3,63%, ou R$ 52,87 bilhões em relação a julho.

Deste total, R$ 40,46 bilhões correspondem à emissão líquida de papéis no mês, e R$ 12,41 bilhões, à incorporação de juros que corrigem o estoque.

Segundo o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública, Fernando Garrido, a emissão para o BNDES foi a última das quatro realizadas pelo Tesouro este ano para capitalizar o banco e aumentar sua concessão de empréstimos.

No total, foram emitidos R$ 100 bilhões em títulos. A medida foi uma das principais ações do governo para estimular a economia e combater a crise internacional.

Ao todo, 39% dos títulos emitidos para o BNDES foram prefixados, e 39%, corrigidos pela Taxa Selic. Do total de R$ 100 bilhões, R$ 18 bilhões terão vencido até dezembro de 2009 (R$ 13 bilhões em março e R$ 5 bilhões em outubro).

Alguns dos papéis, no entanto, têm vencimento até em 2045.

Considerando apenas a dívida mobiliária federal interna, o estoque fechou agosto em R$ 1,4 trilhão, com aumento de 3,79% sobre julho. Já a dívida externa ficou em R$ 108,97 bilhões, uma elevação de 1,65% sobre o mês anterior.

Títulos corrigidos pela Selic são maior parte: 36,1% Se por um lado a capitalização do BNDES elevou a dívida, por outro a redução das taxas de juros e dos índices de inflação contribuíram para deixar o endividamento mais barato para o governo. De acordo com relatório do Tesouro Nacional, o custo médio acumulado em 12 meses baixou de 13,48% ao ano em julho para 13,08% ao ano em agosto.

Em agosto, os títulos corrigidos pela Selic foram os principais componentes da dívida (36,1% do total), seguidos por prefixados (29,7%). Em terceiro lugar ficaram os papéis indexados a índices de preços: 25,8%. O estoque com vencimento a curto prazo (12 meses) respondeu por 27,48% do total. Já o prazo médio de vencimento dos títulos caiu um pouco, passando de 3,58 anos em julho para 3,54 anos em agosto.

Segundo Fernando Garrido, a dívida deve fechar o ano dentro da previsão do Tesouro.

De acordo com a projeção oficial, ela pode terminar 2009 num intervalo entre R$ 1,45 trilhão e R$ 1,6 trilhão, sendo que o mais provável é que fique no centro, ou seja, em torno de R$ 1,5 trilhão.