Título: CPMF: base já defende concessões
Autor: Franco, Ilimar e Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 24/08/2007, O País, p. 12

Ministro, contudo, mantém posição de não abrir mão da contribuição.

BRASÍLIA. Pressionados por empresários e governadores, os dirigentes dos partidos aliados defenderam ontem, na reunião do Conselho Político, que o governo Lula negocie concessões para aprovar a emenda constitucional que prorroga a CPMF e a DRU (Desvinculação de Receitas da União) até dezembro de 2011. Mesmo assim, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, presente à reunião, não abriu a menor possibilidade de negociar a redução gradual da alíquota. Muito menos compartilhar a receita, como querem os governadores. Ele voltou a sinalizar com outras compensações de ordem tributária para as empresas.

Os líderes disseram a Mantega e ao ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) que estavam numa situação desconfortável pelo fato de o governo exigir uma posição dura de sua base na Câmara, ao mesmo tempo em que acena com a possibilidade de negociação no Senado, onde sabe que não terá maioria para aprovar a emenda como quer.

- A negociação deveria ser conjunta. Não dá para endurecer na Câmara e, por força das circunstâncias, afrouxar no Senado - disse o líder do PDT, Miro Teixeira (RJ).

O presidente da CNI, deputado Armando Monteiro (PTB-PE), convidado por Mares Guia a participar da reunião, criticou a prorrogação da CPMF, defendendo a redução imediata de sua alíquota para 0,20%.

O líder do PR, Luciano Castro (RR), informou que seu partido apresentará uma emenda prorrogando a CPMF por oito anos, prevendo a redução da alíquota a partir do quarto ano (em 2011) de 0,38% para 0,28%.

- O governo não quer ceder, mas vamos peitar - disse o líder do PMDB, deputado Henrique Eduardo Alves (RN), ao relatar que o partido sofre pressões muito grandes.

Junto ao líder do PSB, deputado Márcio França (SP), Alves trabalha numa proposta que prevê a eliminação progressiva da CPMF, baseada no aumento da arrecadação. Quando essas manifestações foram feitas, o Mantega já havia saído.

Apesar dos apelos dos líderes aliados, o secretário-executivo da Fazenda, Bernardo Appy, afirmou que a única compensação que o governo pretendia fazer seria enviar uma proposta de desoneração da folha de pagamento, com a redução da alíquota da contribuição das empresas para o INSS.

Enquanto os líderes discutiam a CPMF no Planalto, a Comissão Especial da Câmara criada para analisar a emenda reuniu-se e elegeu presidente Pedro Novais (PMDB-MA).