Título: Moody's eleva nota do Brasil
Autor: D'Ercole, Ronaldo
Fonte: O Globo, 24/08/2007, Economia, p. 27

País agora está a um passo de obter o grau de investimento.

RIO e BRASÍLIA. Em meio à turbulência devido à crise no setor de hipotecas de alto risco (as chamadas subprime) dos EUA, a agência de classificação de risco Moody"s elevou o rating (nota de crédito) dos títulos do governo brasileiro emitidos em moeda estrangeira e local de Ba2 para Ba1. Isso significa que o Brasil está a um passo do chamado investment grade (grau de investimento). Para um país, estar nesse nível é importante porque muitas instituições têm por regra aplicar apenas em títulos de nações com tal classificação, caso dos poderosos fundos de pensão americanos.

Segundo analistas, a decisão já era esperada e pouco deve influenciar nos papéis brasileiros a médio prazo, pois, em maio, Fitch e Standard & Poor"s já tinham elevado a nota brasileira. Além disso, especialistas questionaram a credibilidade das agências, por terem errado na avaliação dos fundos com títulos lastreados nos créditos subprime, que hoje enfrentam uma onda de inadimplência.

- As agências têm uma avaliação defasada e mostraram uma deficiência de análise no caso do subprime. Se o mercado está sólido, é melhor olhar os indicadores do que esperar uma avaliação de rating. O único benefício é que se atraem mais investidores estrangeiros - diz José Alfredo Lamy, da Cenário Investimentos.

Mantega convida candidato tcheco ao FMI para visitar o Brasil

Fabio Knijnik, analista sênior do BES Investimento, acredita que, mesmo com a crise, a elevação da nota mostra que o país está com os fundamentos sólidos:

- É uma indicação de que o Brasil atravessa bem este momento.

O governo comemorou a decisão.

- Acho muito importante essa nova avaliação, porque ela ocorre em meio a uma turbulência internacional. Isso mostra que nossos fundamentos econômicos mais sólidos falaram mais alto - afirmou Arno Augustin, secretário do Tesouro Nacional.

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo de Rato, também elogiou a elevação:

- É significativa essa melhora, e que isso ocorra no meio de uma crise de crédito internacional. Indica que a credibilidade do Brasil é alta.

Ontem, a Moody"s também elevou as notas da Petrobras (para Baa1), que já tinha grau de investimento, e da AmBev (para Baa3), que, com isso, entrou nesse grupo.

Rato preferiu não comentar a falta de apoio do Brasil ao candidato da União Européia para substituí-lo, o francês Dominique Strauss-Kahn. Ele representa a continuidade do sistema de escolha dos diretores do FMI e do Banco Mundial entre a Europa e os EUA. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, chegou a convidar o candidato Josef Tosovsky, tcheco apoiado pela Rússia, para visitar o Brasil.

COLABOROU: Henrique Gomes Batista