Título: Taxa de desemprego caiu para 9,5% em julho
Autor: Almeida, Cássia
Fonte: O Globo, 24/08/2007, Economia, p. 29

Queda foi pequena no mês, mas atingiu 1,2 ponto percentual em relação a julho de 2006. No ano, renda sobe 4,2%.

O mercado de trabalho em julho pouco mudou em relação ao mês anterior. A taxa de desemprego caiu levemente, de 9,7% em junho para 9,5%, mas não houve criação de vagas. Cinqüenta mil pessoas desistiram de procurar um posto de trabalho, o que caracteriza a situação de desemprego. Por isso, houve essa ligeira queda na taxa. A Pesquisa Mensal de Emprego, divulgada ontem pelo IBGE, mostrou que os números na comparação com 2006 são bem melhores. Em julho do ano passado, a taxa era de 10,7%, o que indica que o país fechará este ano com desemprego inferior a 10%. Isso só aconteceu em 2005, quando o índice ficou em 9,8%.

- A taxa média (de janeiro a julho) está em 9,8% (a mesma de 2005) contra 10,2% no mesmo período do ano passado. A tendência é ter a taxa média no ano de um dígito. Na comparação com 2006, os dados são extremamente positivos, com queda vertical da taxa de desocupação e o mercado pagando mais, mais formal e organizado - afirmou Cimar Azeredo, gerente da pesquisa.

Acompanhando o desempenho do emprego, o rendimento médio do trabalhador caiu 1,2% de junho para julho, quando ficou em 1.108,30. Porém, na média, está mais alto este ano. A elevação foi de 4,2%. Mesmo com essa subida, os salários ainda não alcançaram os patamares de 2002, quando estavam, na média, em R$1.233,18. A perda em relação a julho de 2002 foi de 10%.

- Mas estamos vendo uma recuperação em todas as regiões metropolitanas e em todas as categorias de ocupação (com carteira, sem carteira e conta-própria) - disse Azeredo.

Segundo Lauro Ramos, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a expectativa dos que acompanham o mercado de trabalho era de que este mês houvesse um sinal mais claro de recuperação:

- Há pequenos indícios de melhoria, com o crescimento contínuo do emprego com carteira assinada, mostrando que é um processo de fôlego.

O economista cita também a queda na subocupação, aqueles que ganham menos do que o salário mínimo por hora. A parcela desses trabalhadores com emprego precário baixou de 18,7%, em julho de 2006, para 17%, no mês passado.

- Isso nos permite ter algum grau de otimismo para o segundo semestre. A taxa deve continuar caindo.

Jogos do Pan não abriram vagas no Rio

Outro indicador em baixa foi a massa salarial. Em junho, a soma de salários dos trabalhadores foi estimada em R$22,8 bilhões, 0,9% menos que em maio. Repetindo o desempenho dos outros indicadores, houve melhora significativa frente a julho de 2006: alta de 4,1%. O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) prevê que, no segundo semestre, a massa salarial deve manter-se em alta próxima de 5%. Segundo o relatório do instituto, essa valorização será menor que no primeiro semestre. Portanto, o crédito precisa continuar farto para manter o "mesmo dinamismo do mercado consumidor", diz o relatório.

Entre as seis regiões metropolitanas estudadas, o Rio apresentou a maior queda no desemprego de junho para julho. Porém, não foram as vagas abertas que diminuíram a parcela dos trabalhadores desempregados. A taxa caiu de 8% para 7,1% porque os desempregados desistiram de procurar uma vaga. Foram menos 55 mil pessoas na disputa por uma ocupação. Os Jogos Pan-Americanos, que criaram uma expectativa de abertura de vagas, não tiveram reflexo no mercado de trabalho.

- O setor de comércio e de outros serviços, que reúne hotéis, restaurantes e lanchonetes, não se mexeram em julho. Isso indica que os jogos não influenciaram na dinâmica do emprego na região - afirmou Azeredo.