Título: Fúria de ventos no norte
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Fonte: O Globo, 05/09/2007, O Mundo, p. 31
Félix chegou ontem à costa caribenha da Nicarágua como um poderoso furacão categoria 5, a mais alta na escala Saffir-Simpson, com ventos de 260 quilômetros por hora, arrancando telhados, arrasando um porto e forçando milhares de pessoas a deixarem suas casas, além de causar quatro mortes. Enquanto isso, a tempestade Henriette foi elevada a furacão de categoria 1 e provocou uma morte no México ¿ no que parece ser uma das mais intensas temporadas de furacões da região.
Apesar de perder força durante o dia e ser rebaixado à tempestade tropical, Félix continuava a atingir áreas costeiras com ventos de mais de cem quilômetros por hora, informou o Centro Nacional de Furacões, dos EUA, trazendo o risco de inundações em Honduras, Nicarágua e El Salvador. Em Puerto Cabezas, porto no norte da Nicarágua, as autoridades buscavam notícias de 35 pescadores desaparecidos. A tempestade segue a mesma trajetória do furacão Mitch, que em 1998 matou 11 mil pessoas e deixou 8 mil desaparecidos, principalmente em Honduras e Nicarágua.
¿ A situação é caótica. Puerto Cabezas está sendo totalmente destruída ¿ disse Antonio Joya, funcionário do governo local.
Temporada deve ser acima de média
Félix é o segundo furacão de categoria 5 este ano no Atlântico Norte ¿ marcando a primeira vez em que dois furacões dessa intensidade tocam a terra na mesma temporada desde 1886, segundo a Agência Nacional Oceânica e Atmosférica, dos EUA. Duas semanas atrás o furacão Dean atingiu a Península de Yucatán, matando 18 pessoas.
Uma equipe da Universidade do Colorado prevê uma temporada acima da média este ano, com 15 tempestades e sete furacões, sendo quatro deles ¿intensos ou grandes¿, com ventos acima de 178 quilômetros por hora.
Em Puerto Cabezas, cidade de 30 mil habitantes, árvores eram arrancadas pelos ventos, enquanto milhares de pessoas buscavam abrigo nas escolas. No entanto, cerca de 14 mil índios miskitos permaneciam isolados. A cidade, onde ocorreram as quatro mortes, está sem eletricidade. Um bebê morreu de frio num abrigo; um homem faleceu ao cair quando tentava consertar o telhado; e outro foi soterrado no desabamento de sua casa. Não foram dados detalhes sobre a quarta vítima.
¿ Telhados de metal voam como facas afiadas e são jogados contra árvores e casas ¿ contou Lumberto Campbell por telefone, de Puerto Cabezas, antes de a ligação ser cortada.
O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, decidiu encurtar sua viagem ao Panamá e voltar ao país.
Em Honduras, onde o furacão chegou na noite de ontem, 70 mil pessoas foram levadas para abrigos, mas 15 mil não conseguiram transporte e foram forçadas a permanecer em suas casas. Fortes chuvas atingiam os departamentos de Olancho, El Paraíso e Gracias a Dios.
¿ Os estragos vão ser sérios, como a perda de vidas, se não forem tomadas medidas preventivas ¿ disse o presidente de Honduras, Manuel Zelaya.
No domingo, Félix atingiu Aruba, Bonaire e Curaçao, mas os estragos foram leves. Se for mantida a rota prevista, de Honduras o Félix seguirá para a Guatemala e então Chiapas, no sul do México. El Salvador decretou alerta laranja e suspendeu as aulas hoje.
No Pacífico, os ventos de Henriette chegavam a 140 quilômetros por hora, atingindo a praia mexicana de Los Cabos, um resort de golfe, na península da Baixa Califórnia. Uma turista que caminhava na praia foi jogada pelas ondas contra as rochas e morreu. O aeroporto foi fechado e os turistas, aconselhados a permanecerem nos hotéis. No fim de semana, ainda como tempestade tropical, Henriette matara seis pessoas em Acapulco.
No Rio de Janeiro, pessoas com viagens marcadas têm ligado para agências de turismo para checar se seus destinos estão na rota dos furacões.
¿ De 18 a 20 pessoas cancelaram, adiaram as viagens ou as trocaram por pacotes nacionais ¿ explicou ao GLOBO Roberto Bessi, da Bessitour.