Título: Força da paz no Haiti investirá em infra-estrutura no país
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Fonte: O Globo, 05/09/2007, O Mundo, p. 31

Ministros da Defesa dos nove países que enviaram tropas propõem mudanças e prazo maior de atuação

PORTO PRÍNCIPE e SÃO PAULO. O ministro da Defesa do Brasil, Nelson Jobim, e seus colegas de Argentina, Bolívia, Chile, Equador, Guatemala, Peru, Uruguai e Paraguai - países que participam da força de paz das Nações Unidas (ONU) no Haiti - decidiram ontem propor reformas que possibilitem às tropas atuarem em obras de infra-estrutura no país. A sugestão ainda vai ser analisada pela ONU e precisa ser autorizada pelos Poderes Legislativos dos nove países. Se for implantada, a reforma implicará em mudança no número e no perfil dos soldados no país, o mais pobre do continente americano.

A proposta foi acertada ontem pelos ministros da Defesa dos países que formam a força de paz da ONU em reunião com o presidente do Haiti, René Préval. Os ministros também aprovaram a prorrogação do prazo de atuação das tropas no país, a pedido do governo e do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

Entre as propostas discutidas pelos ministros com o governo haitiano e representantes da ONU estão a reforma do sistema judiciário, a reestruturação e formação da polícia haitiana e a adaptação das tropas da ONU para as funções de engenharia em obras de infra-estrutura, uma das necessidades do país.

As Forças Armadas brasileiras já discutem a mudança, avaliando a possibilidade de aumentar o efetivo de engenharia no país. Atualmente, esses especialistas atuam em atividades de drenagem do solo haitiano, distribuição de água potável às populações carentes, limpeza de canais e asfaltamento de ruas.

Mudanças têm de ser aprovadas pela ONU

Segundo a Agência Brasil, o ministro Nelson Jobim disse que quem define as regras de atuação da força da paz é a ONU. Uma das opções em estudo seria aumentar o contingente para mais de 1.200 soldados.

- É uma decisão que a ONU tem que tomar. Para aumentar o contingente, ela precisa enfrentar problemas orçamentários - disse o ministro, segunda a Agência Brasil.

Já o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, defendeu as reformas e a prorrogação da presença da força da paz:

- Fazemos um chamado aos membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas para que reafirmem a disposição de apoiar o processo encabeçado pelo presidente René.

A reunião de ontem foi presidida por Préval, de 63 anos, que fez sua primeira aparição pública depois de regressar ao país no domingo passado de uma viagem aos EUA, aonde foi por motivos médicos, segundo informou o governo. Em dezembro passado, após regressar de uma viagem a Cuba, Préval admitiu que o câncer, que ele acreditava ter sido curado, poderia ter reaparecido.