Título: Nobel de 1997: agências de risco avaliaram mal
Autor: Rodrigues, Lino e Carvalho, Ana Paula de
Fonte: O Globo, 25/08/2007, Economia, p. 38

Investidor pode exigir critérios aprimorados, diz Robert Merton.

CAMPOS DO JORDÃO. O economista americano Robert Merton, prêmio Nobel em 1997, afirmou ontem que as agências de classificação de risco (rating) erraram em suas previsões por, provavelmente, terem subestimado os riscos dos financiamentos lastreados em subprimes. Segundo ele, este não é o melhor momento para se discutir onde elas erraram, mas, inevitavelmente, mais adiante haverá uma discussão sobre o papel das agências.

- As próprias agências devem ter claro que terão de alcançar mais eficiência na análise dos investimentos, e também é possível que os investidores queiram mais sofisticação nos critérios de rating - disse Merton, que ontem participou do 3º Congresso de Derivativos e Mercado Financeiro, promovido pela BM&F.

Professor: classificação inadequada para vender

Segundo Merton, apesar do constante aperfeiçoamento e da modernização dos controles dos mercados financeiros, o risco de que crises como a do subprime ocorram continuarão existindo.

- Não há dúvida de que o sistema atual é melhor e mais sofisticado, mas não dá para afirmar que a chance de uma crise diminuiu - disse.

Para o consultor e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Ney Ottoni de Brito, a crise é fruto de certa complacência das agências de risco em relação às transações com subprimes:

- Os agentes financeiros têm interesse em subestimar os riscos para vender seus produtos. As agências não classificam adequadamente os riscos porque precisam vender seus serviços aos bancos.