Título: Lula afirma que economia brasileira vai crescer acima de 5% este ano
Autor: Rodrigues, Lino e Carvalho, Ana Paula de
Fonte: O Globo, 25/08/2007, Economia, p. 38

Por causa do PAC, superávit primário será menor que 4,25% este ano, diz.

PORTO ALEGRE, CURITIBA e RIO. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, em Curitiba, durante o lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), em Curitiba, no Paraná, que o crescimento da economia do país vai superar 5% este ano:

- A situação está tranqüila. Com sete meses no ano, geramos 1,2 milhão de empregos com carteira assinada, mais do que todo o ano de 2006. A economia cresce e vai crescer 5%, ou mais que 5% este ano.

Lula também voltou a descartar a possibilidade de o país ser atingido pelas turbulências desencadeadas pela crise financeira nos Estados Unidos.

- Vocês estão vendo pela imprensa que tem uma crise nos Estados Unidos. É uma crise de hipotecas. As pessoas vão comprando títulos e ganhando dinheiro às custas do governo, mas chega uma hora em que a vaca leiteira pára de dar leite e os títulos não têm mais valor.

Presidente diz que país tem economia sólida

Em visita a Porto Alegre, mais tarde, Lula disse que o governo não deverá cumprir este ano sua meta de superávit primário, de 4,25% do PIB. Ele não especificou valores, mas afirmou que parte dos recursos que seriam poupados para cumprir a meta será destinada a projetos do PAC. Segundo ele, isso será possível porque o país tem hoje solidez administrativa e econômica.

- Hoje nós podemos dizer sem trauma nenhum que o superávit não vai ser mais de 4,25%, porque criamos o PAC e vamos utilizar o dinheiro do superávit para fazer isso - disse o presidente, durante o lançamento do PAC, ontem no início da noite, em Porto Alegre.

Segundo Lula, o país está com a economia sólida e, apesar da crise nos mercados internacionais, ele garantiu que os juros vão continuar caindo no país.

- O juro vai cair, mas não por decreto. O Brasil construiu essa situação, e não é mérito do presidente nem do governo. É mérito de um momento da sociedade brasileira e agora não podemos retroceder e temos que melhorar - afirmou ele.

As previsões do ministro da Fazenda, Guido Mantega, diante das turbulências internacionais também são otimistas. Mesmo admitindo que a crise ainda não terminou, ele afirmou ontem que a repercussão "é muito pequena no Brasil". Depois de almoço com o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, no Rio, Mantega disse não ver riscos de que o quadro econômico mundial afete o crescimento do país.

- Acredito que essa turbulência financeira internacional ainda não terminou porque há necessidade de acomodações. Porém, ela tem repercussão muito pequena sobre o Brasil. Não vai alterar em nada a taxa de crescimento, que deve ser de cerca de 4,5% este ano. Não vai atrapalhar nos próximos anos também - afirmou o ministro.

Mantega diz que juros não sofrem influência da crise

Para ele, ao definir a política monetária, o governo leva em conta o comportamento da inflação e não as turbulências internacionais. Ele admitiu, no entanto, que caso a inflação aumente, o Conselho de Política Monetária (Copom) terá que analisar o novo quadro:

- A taxa de juros tem a ver exclusivamente com a inflação. Se ela estiver comportada, dentro do centro da meta, então terá espaço para (o juro) continuar em queda.

(*) Especial para O GLOBO

www.oglobo.com.br/economia