Título: 'O governo do mensalão quer criar o emendão'
Autor: Braga, Isabel e Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 26/08/2007, O País, p. 10

Além dos governistas, PSDB também tira parlamentares do DEM.

BRASÍLIA. Governando apenas o Distrito Federal, com José Roberto Arruda, e sem instrumentos para segurar seus parlamentares, o DEM corre o risco de ser o partido que mais perderá com o troca-troca partidário. Podem abandonar o partido de cinco a seis deputados e até quatro senadores. O presidente do DEM, Rodrigo Maia (RJ), nega a debandada, mas admite o assédio por parte do governo Lula e dos partidos que o apóiam. Maia acusa o ministro das relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, filiado ao PTB, de tentar aliciar parlamentares oferecendo a liberação de emendas ao Orçamento para que mudem de partido ou dêem votos em favor da prorrogação da CPMF.

- O governo que operou o mensalão no primeiro mandato, agora tem Walfrido e José Alencar (o vice-presidente) querendo criar o sistema do emendão - afirmou Maia.

O DEM sofre assédio do PSDB, com quem divide a oposição. Na semana passada, os tucanos filiaram ao partido o deputado Gervásio Silva (SC). Do Piauí devem sair mais dois deputados pefelistas: Mussa Demes e Júlio Cesar. Amigos do senador João Claudino (PTB-MA), eles entrariam na legenda trabalhista. No Maranhão, especula-se a saída de Nice Lobão, que acompanharia o marido -- o senador Edison Lobão - e outro deputado. O DEM poderia perder um deputado de Minas Gerais, que iria para o PRB.

Situação do DEM é mais delicada no Senado

No Senado, a situação é mais delicada - o DEM pode perder quatro senadores. Romeu Tuma (SP) tem dificuldades para disputar a reeleição, porque o partido está fechado com Afif Domingos. O senador Demóstenes Torres (GO) está isolado em seu estado e pode ir para o PP do governador Alcides Rodrigues. Edison Lobão (DEM-MA), do grupo de Sarney, estaria de malas prontas para o PTB. E Cesar Borges (BA) tem reclamado de estar sendo escanteado pelo presidente do DEM na Bahia, o ex-governador Paulo Souto, e pode ir para o PSDB.

Maia avisa aos deputados que o procuram, contando do assédio, que a lei aprovada na Câmara (que avaliza as trocas já efetivadas este ano) terá que passar no Senado. E que ainda não foi julgada no Supremo Tribunal Federal (STF) decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre a perda de mandato de quem trocar de partido. E alerta que, se alguém deixar a legenda, terá de responder à ação do DEM na Justiça Eleitoral e ao STF - como já fez com sete deputados que saíram do partido depois da eleição - para reaver o mandato para o partido.

- Se algum deputado meu quiser sair, pode sair. Se é trocar a vida política por meia dúzia de emendas, que vá.

Todo esse otimismo é contestado pelo líder do PR, Luciano Castro (RR), que espera filiar Democratas em seu partido:

- O DEM está acabando.