Título: Placar no Conselho hoje é de 10 a 5 contra Renan
Autor: Camarotti, Gerson e Lima, Maria
Fonte: O Globo, 26/08/2007, Economia, p. 13

Presidente do Senado tenta obter apoio de Suplicy; no plenário da Casa, seus aliados contam com 43 dos 81 votos.

BRASÍLIA. Na última sexta-feira, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), fez uma avaliação realista da sua situação no Conselho de Ética e concluiu, reservadamente com aliados, que está em desvantagem, ainda que a votação seja secreta. Até o momento, Renan só tem assegurados cinco votos a seu favor, dos 15 titulares do Conselho. Por isso, a estratégia que montou é a de apressar ao máximo o processo no Conselho para que haja logo uma votação em plenário, onde tem esperança de escapar da degola. O grupo fez e refez as contas e não consegue chegar aos 41 votos contra Renan, número necessário para a cassar um mandato.

Grupo do senador tenta explorar laudo positivamente

Renan é acusado de ter despesas pessoais pagas por um lobista. Mesmo com o discurso público de que a perícia da Polícia Federal favorece o senador, uma análise feita por seu grupo considera perdida a votação no Conselho. A avaliação é de que, além do relator Renato Casagrande (PSB-ES), o voto de Eduardo Suplicy (PT-SP) será contrário a sua absolvição. Há forte pressão para mudar o voto de Augusto Botelho (PT-RR), que já demonstrou o desconforto com a situação de Renan.

Os renanzistas tentam explorar aspectos positivos da perícia da PF nos documentos do senador, numa tentativa de fazer do limão uma limonada, na expressão deles próprios.

- Não há dúvida. Fica claro, na perícia, que Renan tinha renda e não há quebra de decoro - observou um dos relatores, Almeida Lima (PMDB-SE).

- Mas Renan conseguiu comprovar que tinha dinheiro para despesas pessoais - diz Wellington Salgado (PMDB-MG).

Segundo aliados, Renan investe no Conselho. Não teria desistido nem do apoio de Suplicy, alvo do descontentamento da cúpula petista e até do presidente Lula, por sua defesa obsessiva da verdade. Renan pensa em ir ao plenário do Conselho, pois desde o inicio o petista cobra sua ida ao colegiado. Os renanzistas esperam que a líder Ideli Salvatti (PT-SC) consiga enquadrá-lo. Renan gostaria que o PT fechasse questão pela absolvição - o que mudaria a votação em seu favor. Outro membro do PT no Conselho, João Pedro (AM) anunciou que votará como mandar o partido.

Suplicy disse que só decidirá após tirar todas as dúvidas. Na quinta-feira, recebeu sinal verde dos relatores Marisa Serrano (PSDB-MS) e Renato Casagrande (PSB-ES) para participar da inquirição de Renan, mas foi vetado por Quintanilha. Coube a Ideli comunicar-lhe que não era bem-vindo ao depoimento fechado.

No plenário do Senado a contabilidade é favorável a Renan. Com ajuda de DEM e PSDB, ele teria, com voto secreto, o apoio de 43 dos 81 senadores. Gilvan Borges (PMDB-AP), por exemplo, já disse que vota com ele:

- Voto contra a cassação no Conselho, no plenário, em qualquer situação. Sou um homem do perdão - diz Gilvan.

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