Título: Educadores divergem sobre as novas regras
Autor: Antunes, Adauri e Aggege, Soraya
Fonte: O Globo, 26/08/2007, O País, p. 17

EDUCAÇÃO: "Na verdade, o sistema aplicado foi a aprovação automática. Virou uma balbúrdia", diz educadora.

Vera Masagão critica falta de programa pedagógico; Mozart Neves Ramos elogia meta de alfabetização aos 8.

SÃO PAULO. As mudanças anunciadas pelo governo de José Serra (PSDB) na educação provocaram divergências entre educadores e especialistas na área. Pedagogos que atuam em organizações sociais pela educação divergem sobre o plano lançado pelo governo de São Paulo. Vera Masagão, da ONG Ação Educativa, avalia que faltam muitas mudanças pedagógicas na rede paulista de ensino. Para ela, há pontos positivos, mas muitas questões críticas não foram tocadas ainda pelo governo.

- Na verdade, o sistema que foi aplicado em São Paulo não era de fato o de progressão continuada. Esse sistema, na verdade, depende de ciclos, o que não foi criado no estado. O que funcionou, de fato, foi uma aprovação automática. Virou uma balbúrdia, sem programas, sequer recuperação ou aulas de reforço realmente. Não houve sequer um programa pedagógico coletivo. Na verdade, esse novo plano dependerá do programa para os ciclos.

No Rio, críticas à forma de gratificação, criada em 2000

Já Mozart Neves Ramos, da ONG Todos pela Educação, considerou a iniciativa paulista fundamental:

- O principal foi colocar como meta crianças de 8 anos sabendo ler e escrever. E, no geral, o plano pode servir como motivador para os outros estados. Independentemente de partidos políticos, seria possível se pensar em um plano nacional para as redes de educação dos estados.

No Rio, a vinculação do desempenho das escolas com as gratificações dadas aos professores começou a ser feita no ano 2000, durante a gestão de Anthony Garotinho, com a criação do programa Nova Escola. A avaliação sempre foi feita por órgãos externos ao governo, como a Fundação Cesgranrio, e, nos últimos dois anos, a Universidade Federal de Juiz de Fora. Para compor o conceito final de cada colégio, eram levados em conta fatores como gestão dos diretores, evasão escolar e provas de português e matemática. As unidades poderiam ganhar cinco classificações diferentes, com variação de R$100 para cada uma: do nível 1 (R$100) ao nível 5 (R$500).

Desde a sua criação, o programa foi alvo de muitas críticas por parte de professores. O principal questionamento era em relação às diferenças de realidade de cada escola, que não eram levadas em conta no conceito final. Para aperfeiçoar a avaliação, o programa também passou a comparar o desempenho da escola em relação a ela mesma nos anos anteriores para chegar ao nível de gratificação. Apesar de ter prometido durante a campanha que acabaria com a vinculação entre salário e desempenho, o governador Sérgio Cabral ainda não definiu se o Nova Escola continuará. Entidades de docentes pedem a incorporação da gratificação ao vencimento.