Título: PT e Cabral reagem à união de Cesar Maia e Garotinho
Autor: Menezes, Maiá
Fonte: O Globo, 06/09/2007, O País, p. 9

Petistas ameaçam deixar governo caso aliança se concretize.

RIO e BRASÍLIA. Para formalizar a união, o ex-governador Anthony Garotinho (PMDB) e o prefeito Cesar Maia (DEM) terão que driblar mais do que as diferenças do passado. O PT do Rio não engoliu a aproximação entre o PMDB, seu aliado de primeira hora, e o DEM. Caso a aliança se consolide, o partido ameaça romper com o governo do estado, no qual hoje ocupa duas secretarias. O governador Sérgio Cabral Filho, por sua vez, disse em Brasília que começam a se formar no Rio alianças "que estão dando problemas".

O presidente do PT no Rio, Alberto Cantalice, quer uma posição clara do governador dentro do PMDB sobre a possível parceria com Cesar.

- Isso criou perplexidade. Se eles (os peemedebistas) têm como estratégia o enfrentamento com o PT, temos que reavaliar essa aliança. Como pode ele ser governador com nosso apoio e subir em palanques de adversários no Rio e em outros municípios? Essa aliança é inaceitável. Eles têm que escolher de que maneira vão tratar o PT. Como o Garotinho quer ou como o governador vem defendendo - disse Cantalice.

Cabral, ao responder a uma pergunta sobre as eleições de 2010, reconheceu o aborrecimento com a aliança PMDB-DEM e reafirmou apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na reunião de segunda-feira, que definirá os rumos da possível aliança, o grupo de Cabral é minoria. Prevalece a visão defendida pelo presidente da Assembléia Legislativa, Jorge Picciani, e pelo ex-governador Anthony Garotinho, favoráveis ao acordo com Cesar.

- É precocidade falar de sucessão presidencial. Já estou enfrentando problemas lá na sucessão municipal. Já estão até fazendo alianças que estão me dando problemas - disse o governador.

Ao assegurar fidelidade ao presidente, Cabral afirmou que não será adversário de Lula:

- Não vou ficar em palanque contra o presidente Lula. A aliança com o presidente não é só administrativa. É política. Não vão me levar para outra posição.

A proposta de aliança atropelou também projetos políticos de peemedebistas para 2008. O deputado federal Marcelo Itagiba, pré-candidato à Prefeitura do Rio, avisa que não vai abandonar o plano. Para ele, o resultado da reunião da próxima segunda-feira, que deverá formalizar a decisão do partido sobre a aliança, não é decisivo:

- Eu só saio dessa disputa se for derrotado na convenção do ano que vem.

Nova Iguaçu é entrave para o acordo

Um impasse em Nova Iguaçu é outro entrave para a aliança. O deputado federal Nelson Bornier, secretário nacional do PMDB e pré-candidato a prefeito do município da Baixada, é a favor da união, desde que consiga repeti-la em sua base eleitoral. Lá, o deputado federal Rogério Lisboa (DEM) deve ser candidato a vice na chapa do prefeito Lindberg Faria (PT) à reeleição. Ontem, Bornier conseguiu aprovar na Executiva Nacional recomendação para que, em municípios com mais de 200 mil eleitores, o PMDB lance candidatos.

- Nova Iguaçu é, para mim, um problema grave para esse acordo - disse Bornier.

COLABOROU:Luiza Damé