Título: Dirceu prefere silenciar sobre votação
Autor: Franco, Bernardo Mello e Brígido, Carolina
Fonte: O Globo, 27/08/2007, O País, p. 3

Ex-ministro e ex-deputado aguarda fim do julgamento para decidir sobre pedido de anistia.

BRASÍLIA. Após percorrer diversos estados para se defender das acusações da Procuradoria Geral da República nas semanas que antecederam o início do julgamento do mensalão, o ex-chefe da Casa Civil e deputado cassado José Dirceu (PT-SP) decidiu guardar silêncio durante as primeiras sessões do Supremo Tribunal Federal. Livrado na sexta-feira da acusação de peculato no caso Visanet - o desvio de recursos do Banco do Brasil para a agência DNA, de Marcos Valério -, ele evitou comemorar em público a primeira vitória no plenário do Supremo.

Por orientação do advogado José Luís de Oliveira Lima, o ex-ministro permanece em São Paulo, onde acompanha o julgamento pela TV. Além de negar pedidos de entrevista, tem evitado comentar o tema no blog que mantém há um ano para opinar sobre os principais assuntos políticos, rebater críticas ao governo e expor sua defesa no caso. Das 31 notas publicadas desde a abertura do julgamento, na última quarta-feira, até o início da noite de ontem, apenas quatro trataram do caso.

Por duas vezes, Dirceu atacou a divulgação, no GLOBO, de diálogos por e-mail entre os ministros do Supremo. O blog republicou ainda a íntegra de sua defesa na Corte e a nota divulgada pelo também ex-ministro Luiz Gushiken, da Secretaria de Comunicação e Gestão Estratégica, que teve a denúncia por peculato aceita por 6 votos a 4, na sexta-feira.

A votação de hoje definirá o futuro político do segundo homem da República no primeiro mandato do governo Lula. Se o STF rejeitar a denúncia por corrupção ativa no pagamento de propina a parlamentares de partidos aliados, Dirceu tem chances, segundo juristas, de escapar também de responder por formação de quadrilha.

Ao absolver o ex-ministro no caso Visanet (peculato), a Corte julgou que o procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, não reuniu provas suficientes da sua participação no uso de verbas do BB para irrigar o valerioduto. A defesa de Dirceu aposta num veredicto semelhante nas próximas votações do Supremo. Se todas as denúncias forem rejeitadas, ele começará a recolher assinaturas para levar ao Congresso um projeto de anistia. O petista quer cancelar a suspensão de seus direitos políticos até 2016, decretada na cassação de seu mandato. (Bernardo Mello Franco e Carolina Brígido)