Título: Anac não tem conseguido reduzir vôos de SP
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Fonte: O Globo, 06/09/2007, O País, p. 11

Remanejamentos para o Tom Jobim, no Rio, ainda não aconteceram; segundo agência, mercado não prioriza o aeroporto.

BRASÍLIA. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) não tem conseguido pôr em prática a promessa de desafogar o tráfego aéreo de São Paulo desviando vôos internacionais para o aeroporto Tom Jobim, no Rio, e também para outras localidades. A orientação do governo para que a Anac renegociasse acordos bilaterais para transferir vôos de Guarulhos para o Tom Jobim, por exemplo, teve pouca eficácia porque o Brasil não pode obrigar as empresas estrangeiras a voar para outros locais.

Quando foi feita a concessão das rotas para empresas estrangeiras, companhias brasileiras ganharam o direito de pousar nos aeroportos mais movimentados do mundo. A determinação, segundo um técnico da área internacional da Anac, somente poderá ser colocada em prática nas novas autorizações, ou seja, se uma empresa estrangeira pedir para voar ou aumentar as freqüências para o Brasil.

Neste caso, o governo brasileiro pode recusar vôos a partir de Guarulhos e sugerir o Tom Jobim. Segundo esse técnico, isso já vem acontecendo desde o início deste ano, e novos vôos internacionais já estariam sendo concedidos a partir do Rio.

A Anac explicou ontem que as rotas internacionais a partir de Guarulhos que a Varig, hoje nas mãos da Gol, está retomando, não são resultado de novas autorizações. Essas rotas, segundo técnicos da agência, já eram da companhia e tinham sido suspensas quando a empresa entrou em processo de falência judicial.

Segundo a Anac, os vôos reativados pela Varig são um direito da companhia, resguardado pela Justiça, além de constarem nos acordos bilaterais. A agência afirma que há folga de 20% em Guarulhos nos horários fora de pico. Na primeira reunião após o acidente com o Airbus da TAM, o Conselho de Aviação Civil (Conac) decidiu que Congonhas deixaria de ser um hub (ponto de distribuição de rotas), sem conexões e escalas.

Empresas querem continuar operando em São Paulo

A Anac sustenta que a transferência de alguns novos vôos para o Tom Jobim não seria suficiente para revitalizar o aeroporto. Para isso, alega a Agência, é preciso que o mercado (uma empresa aérea) dê prioridade ao aeroporto. E não é o que está acontecendo. Tanto Gol quanto TAM apresentaram propostas de novas malhas aéreas sugerindo que vôos de Congonhas sejam transferidos para Viracopos (Campinas), São José dos Campos (SP) e o próprio Guarulhos.

A Associação Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo (Abcta) divulgou ontem para seus associados nota de repúdio às declarações do presidente da Anac, Milton Zuanazzi. Em solenidade no Congresso, Zuanazzi disse que a crise aérea acabou desde o dia em que a Aeronáutica decidiu afastar da função militares envolvidos com o movimento de controladores de vôo. O texto diz que Zuanazzi demonstra não ter conhecimento sobre as causas reais da crise e afirma que há uma aparente normalidade. "Mais uma vez o senhor Zuanazzi demonstra total desconhecimento sobre a crise aérea. Atribuir à causa de toda crise, única e exclusivamente, aos controladores de tráfego aéreo reforça o seu desconhecimento e desespero em tentar livrar a péssima atuação da Anac durante toda crise".