Título: Dirceu diz que não há provas contra ele
Autor: Braga, Isabel e Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 29/08/2007, O País, p. 10

Em blog, ex-ministro chama de injusta a decisão do STF.

SÃO PAULO. O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu afirmou ontem que é injusta, mas que não o surpreendeu, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de aceitar denúncia contra ele por corrupção ativa. Dirceu afirmou, em seu site, que provará inocência no julgamento para desmascarar os que o acusam e lembrou que a aceitação da denúncia não significa culpabilidade. Afirmou ainda que, além das acusações do mensalão, está em jogo o projeto político do PT e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Todo esse processo, que começou com minha saída da Casa Civil, é uma disputa política. Para além das denúncias e das acusações de caixa dois e do chamado mensalão, o que está em jogo não é apenas minha vida política e minha história, mas o projeto político que o PT e o presidente Lula representam. Os que desconhecem essa elementar realidade não aprenderam com a recente história do nosso país e não percebem as tentativas da oposição conservadora e da elite de inviabilizar o governo Lula a todo custo", escreveu Dirceu, que examina com seus advogados a possibilidade de conceder amanhã uma entrevista coletiva.

Dirceu se queixa de que vem sendo prejulgado em praça pública: "Acusado, denunciado, e agora sou réu por corrupção ativa e formação de quadrilha". E segue: "Tive o mandato cassado sem provas e agora sou réu sem provas. Quero ser julgado o mais rapidamente possível para provar inocência. Sou inocente e vou provar isso no julgamento".

Dirceu diz ainda que a aceitação da denúncia não significa culpabilidade e que não há provas dos crimes dos quais é réu. "Foram apresentadas declarações de terceiros e fatos não comprovados, episódios dos quais supostamente participei, supostas ordens que dei." Na nota, postada em seu site às 18h de ontem, ele diz que em 40 anos de vida pública, com exceção dos processos abertos nos tempos da ditadura militar, nunca foi investigado ou processado. Diz que é advogado e consultor. "Recebo com serenidade a decisão da Suprema Corte de meu país e a respeito, mas não concordo com o veredicto que me tornou réu."