Título: Setor imobiliário aposta em aumento da procura
Autor: Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 29/08/2007, Economia, p. 25

Prestação ficará mais próxima ao valor de aluguel. Quem já tem casa própria poderá buscar imóvel maior.

O setor de construção comemorou as novas regras de financiamento. O presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi/RJ), Rogério Chor, ressalta que o maior prazo de pagamento e as quedas nos juros aumentam a base da pirâmide de potenciais compradores. Segundo ele, este ano, o número de lançamentos imobiliários no Rio deve dobrar em relação a 2006, quando as vendas foram da ordem de R$2 bilhões:

- O brasileiro compra mais a condição de pagamento do que o preço do produto. Com o aumento do prazo em dez anos, o preço da prestação aproxima-se mais do valor do aluguel. Agora, os bancos privados vão tentar se igualar à Caixa Econômica. E ainda tem muita mudança pela frente. Há pouco tempo, se falava em TR mais 14%, hoje o mercado pratica TR mais 10%. Isso representa uma queda de quase 30%.

Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado do Rio (Sinduscon-RJ), Roberto Kauffmann, a Caixa Econômica está correndo atrás do prejuízo, já que bancos privados já tinham aumentado seus prazos nos financiamentos com recursos da poupança. No mês passado, Itaú e Bradesco ampliaram de 20 para 25 anos o prazo máximo em seus créditos habitacionais.

- A Caixa não quis ficar para trás. E acredito que seja uma questão de tempo para que os financiamentos com recursos do Fundo de Garantia também cheguem a um prazo de 30 anos, que é o máximo estabelecido pela legislação do FGTS. A expectativa de vida da população aumentou, e há instrumentos jurídicos que dão segurança ao agente financeiro.

O gerente de Financiamento do Grupo Carmo e Calçada, Celso Barreiro de Almeida, assinala que o alongamento do prazo e a conseqüente redução da prestação tem dois efeitos: o acesso ao primeiro imóvel, à medida que a prestação passa a caber no bolso do consumidor, e um giro no mercado imobiliário.

- Quem mora num dois-quartos e paga prestação de R$2 mil, eventualmente vai trocar de imóvel, pois poderá, com o mesmo valor de prestação, comprar um três-quartos - afirma o gerente.

COLABOROU Luciana Rodrigues