Título: Caixa lucrou R$1,7 bi no semestre, bem abaixo do ganho de concorrentes
Autor: Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 29/08/2007, Economia, p. 26

Alta foi de 27,6%, com destaque para operações de crédito, tarifas e poupança.

BRASÍLIA. A Caixa Econômica Federal registrou no primeiro semestre deste ano lucro líquido de R$1,7 bilhão. O resultado representou um aumento de 27,6% frente ao mesmo período de 2006 e foi obtido graças às receitas com operações de crédito, às tarifas sobre a prestação de serviços e às captações da caderneta de poupança. Segundo dados do balanço divulgado ontem pela instituição, o retorno sobre o patrimônio líquido teve uma pequena elevação, passando para 35,3%. Parte do ganho, R$386 milhões, será repassada ao Tesouro Nacional, a título de dividendos.

Apesar do desempenho, o lucro da Caixa ficou bem abaixo dos resultados semestrais apresentados pelos três maiores bancos do país (Itaú e Bradesco, de R$4 bilhões, e Banco do Brasil, de R$2,4 bilhões). A instituição também cresceu menos, em volume de ativos, em relação aos concorrentes. A Caixa, que já foi o segundo maior banco brasileiro, caiu para a quarta colocação no ranking. Seus ativos tiveram um crescimento de 19%, passando de R$199,5 bilhões para R$237,5 bilhões.

Ao anunciar o resultado, a presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos Coelho, destacou a função social do banco e justificou que as aquisições e fusões ajudaram os concorrentes a aumentarem seus ganhos.

- Para nós, o crescimento da Caixa tem um sentido diferente, que é sua vocação de banco público - afirmou, ressaltando o papel do banco na aplicação de R$146 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e na política mais agressiva no corte de juros ao consumidor.

Segundo dados do balanço, as receitas com operações de crédito subiram 4,4% no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2006, saindo de R$5,4 bilhões para R$5,6 bilhões. Já os ganhos com tarifas sobre serviços prestados subiram 22,1% e atingiram R$3,3 bilhões. A carteira comercial alcançou R$17,2 bilhões - 8,3% acima do saldo alcançado no primeiro semestre do ano passado - com destaque para os empréstimos às pessoas físicas.

Substituição de terceirizados fez despesas subirem 10,4%

Em contrapartida, as despesas com pessoal subiram 10,4% e chegaram a R$3,3 bilhões, devido à contratação de 2.500 funcionários em substituição aos terceirizados. As despesas administrativas passaram de R$2,1 bilhões para R$2,2 bilhões, alta de 5,5%.

Segundo Maria Fernanda, para ganhar competitividade, a Caixa alterou o sistema interno e passou a concentrar nas mãos dos vice-presidentes de cada área o controle dos processos decisórios, da origem ao fim. Ela afirmou ainda que a instituição irá aumentar as parcerias com o Banco do Brasil para reduzir custos.