Título: Explicações são vagas
Autor: Colon, Leandro
Fonte: Correio Braziliense, 13/04/2009, Política, p. 3

Procurada, a Aval justificou, por escrito, que o valor do contrato decorre das despesas de obrigações financeiras adicionais, como vale-transporte, auxílio-alimentação, auxílio-funeral, seguro de vida, adicional por tempo de serviço, entre outras. Mas não citou demais ¿insumos¿ incluídos em sua planilha, como treinamentos e fiscalização. A empresa começou o contrato no Senado com 371 funcionários e hoje fornece 429, sendo 15 no período noturno. Os cinco aditivos anexados ao contrato revelam como isso ocorreu. Em 7 de maio do ano passado, por exemplo, foi feita uma correção contratual para diminuir os valores em razão do fim da CPMF meses antes. Em troca, no mesmo documento, a Aval conseguiu emplacar mais 20 funcionários. O acordo foi assinado pelo então primeiro-secretário, Efraim Morais (DEM-PB). Três meses depois, um novo aditivo: aumento dos valores repassados à empresa e também no número de terceirizados: mais 20.

O diretor-geral do Senado, José Alexandre Gazineo, evitou emitir juízo sobre essa prestação de serviço. Avalia que não pode analisar algo que foi assinado pela gestão anterior, de Agaciel Maia. ¿Só posso dizer que estamos trabalhando no sentido da economicidade e da eficiência¿, disse. Pelo menos 34 contratos de terceirização estão sendo analisados pela comissão instalada por Heráclito Fortes. Somente no ano passado, R$ 125 milhões foram gastos pelo Senado com esse tipo de serviço, um crescimento de 122% desde 2004. Entre os contratos suspeitos está também o da Steel Serviços Auxiliares Ltda., que recebe R$ 6,7 milhões por ano para fornecer funcionários à gráfica do Senado. O contrato acabou sendo dominado por servidores efetivos, que indicam e escolhem quem vai trabalhar na empresa. (LC)