Título: Grau mostra mágoa com colega
Autor: Franco, Bernardo Mello
Fonte: O Globo, 30/08/2007, O País, p. 9

BRASÍLIA. Alvo de inconfidências da colega Cármen Lúcia, o ministro Eros Grau, do Supremo Tribunal Federal, ainda mostra ressentimento com os diálogos virtuais flagrados pelo GLOBO no primeiro dia de julgamento do mensalão. Integrante mais velho da Corte, com 67 anos, ele negou ontem ter antecipado em plenário que rejeitaria a denúncia da Procuradoria Geral da República contra os 40 acusados. Na quarta-feira passada, em conversa por e-mail com o ministro Ricardo Lewandowski, Cármen disse, referindo-se a Grau: "O cupido acaba de afirmar aqui do lado que não vai aceitar nada".

- Nunca poderia fazer esse comentário antes de ouvir o relator. Se tivesse bola de cristal, estaria num circo, ganhando muito mais dinheiro do que aqui - reagiu o ministro, que disse ter votado de improviso. - Este é o segredo do juiz: ele não pode ter visão preconcebida das coisas.

Grau deixou transparecer que rompeu relações com os protagonistas do bate-papo virtual.

- Sou uma pessoa educada, cumprimento as pessoas. Não preciso fazer amizade com quem trabalho. Basta ser civilizado - disse Grau.

A disposição das cadeiras no plenário do STF, por antigüidade, reforçou o constrangimento. Última a tomar posse na Corte, em junho de 2006, Cármen Lúcia se senta ao lado de Grau. O ministro pensou em cobrar satisfações de Cármen Lúcia, mas foi demovido por assessores e colegas.