Título: Relatores querem derrubar voto secreto
Autor: Lima, Maria e Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 30/08/2007, O País, p. 11

Casagrande ameaça até não apresentar o seu parecer.

BRASÍLIA. Uma guerra comandada pela tropa de choque renanzista deve tumultuar hoje a sessão de votação do pedido de cassação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), no Conselho de Ética. Os relatores Marisa Serrano (PSDB-MS) e Renato Casagrande (PSB-ES) não aceitam o parecer encomendado à consultoria jurídica, que defende o voto secreto. Com o apoio de outros senadores, vão encaminhar um recurso, no início da sessão, para tentar derrubar o parecer com o voto do Conselho, para que a votação seja aberta. Caso a norma, defendida pelo presidente Leomar Quintanilha (PMDB-TO), seja derrubada, cabe recurso à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), sem efeito suspensivo - o que não impede a votação ainda hoje do voto conjunto dos dois pedindo a cassação.

A previsão é que, dos 16 membros, 12 votem pela sessão aberta. Se for fechada, Casagrande diz que não apresentará o parecer e pedirá mais tempo. No relatório conjunto de Marisa e Casagrande, a parte da tucana vai enfatizar a relação "incestuosa" de Renan com o lobista Cláudio Gontijo. A parte de Casagrande vai destacar que o acusado não tinha condições de ter o patrimônio que declarou com a renda que tem. O relatório dirá que Renan usou recursos de terceiros para fazer os pagamentos à jornalista Mônica Veloso.

DEM vai apresentar parecer a favor da votação aberta

A parte considerada mais delicada, descrita por um membro do Conselho como prova irrefutável contra Renan, é a que diz respeito aos supostos empréstimos contraídos junto à Costa Dourada Veículos, de propriedade de Tito Uchôa, suspeito de ser laranja do senador alagoano. Almeida Lima (PMDB-SE) vai dizer em seu voto em separado que Renan é inocente.

- Gastamos dois meses de trabalho e temos tudo pronto. O caso está maduro para votação. Mas não vamos apresentar um relatório sem conclusão, sem indicar se é para cassar ou absolver. Se a votação for secreta não apresentaremos o relatório amanhã (hoje) - anunciou Casagrande.

A liderança do DEM vai apresentar um outro parecer para provar que a votação aberta é constitucional.