Título: Economia para pagar juros cai 32%
Autor: Frisch, Felipe
Fonte: O Globo, 30/08/2007, Economia, p. 32

Apesar de recorde para meses de julho, valor de R$7,9 bi não saldou conta.

BRASÍLIA. O superávit primário, economia que o país faz para pagamento de juros, fechou julho em R$7,904 bilhões, recorde histórico para esses meses, mas 32% menor que os R$11,647 bilhões de junho. No ano, o saldo positivo está em R$79,578 bilhões, o que significa 4,37% do Produto Interno Bruto (PIB) num fluxo de 12 meses, de acordo com o Banco Central (BC). Em junho, a relação foi de 4,30%, e ambas estão bem acima da meta do governo para o período, de 3,8%, que não deverá demandar muita dificuldade para ser cumprida.

O resultado, apesar de recorde, foi suficiente para abater apenas cerca da metade do desembolso com juros em julho, que somou R$14,087 bilhões - cerca de R$3 bilhões mais que no mês anterior. Segundo o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, a apreciação cambial no período, de 2,5%, explica o maior volume de juros, uma vez que o país é credor em dólar. Ou seja, recebeu menos juros pelos seus ativos em moeda estrangeira do que teve de pagar em reais em papéis emitidos.

- Em agosto, o cenário vai ser revertido. Mas crise nunca ajuda em nada - afirmou Lopes, referindo-se ao abalo financeiro das últimas semanas, que puxou a cotação do dólar.

No mês passado, todas as esferas do setor público apresentaram superávit menor do que em junho. O governo central (União, BC e Previdência) registrou saldo de R$4,952 bilhões, cerca de R$600 milhões abaixo de junho. Os governos regionais (estados e municípios) registraram R$2,224 bilhões, 33,25% menos. As administrações estaduais foram as que mais pesaram na conta, recuando de R$2,986 bilhões para R$1,739 bilhão no período - mesmo assim, um recorde mensal.

Dívida do setor público subiu para 44,4% do PIB

As estatais, por sua vez, tiveram superávit de R$728 milhões em julho, R$2,1 bilhões menos que no mês anterior. O destaque ficou com as federais, cuja economia caiu de R$3,801 bilhões para R$708 milhões. De acordo com Lopes, houve pagamento de royalties no setor de petróleo, de R$1,8 bilhão, o que impactou o desempenho.

A dívida líquida do setor público ficou em R$1,105 trilhão em julho, o equivalente a 44,4% do PIB, 0,1 ponto percentual mais do que em junho. (Patrícia Duarte).