Título: Petrobras ainda não paga mais pelo gás boliviano
Autor: Ordoñez, Ramona
Fonte: O Globo, 30/08/2007, Economia, p. 34

Apesar de acordo anunciado em fevereiro, pendências impedem vigência do contrato.

BRASÍLIA. Disposto a só deixar o Brasil se conseguisse um reajuste extra no preço do gás natural vendido pela Bolívia à Petrobras, o presidente boliviano Evo Morales ganhou o que queria, durante uma visita a Brasília em fevereiro deste ano. Mas não levou. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou ontem que a estatal brasileira não está pagando mais caro pelo produto, apesar do anúncio de um entendimento sobre o tema há mais de seis meses. Segundo Amorim, ainda há pendências que impedem a vigência do acordo.

- Até hoje o Brasil não está pagando o novo preço do gás - afirmou Amorim, durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados.

A Petrobras confirmou a informação. De acordo com a estatal, ainda está em negociação como será a cobrança dos líquidos nobres importados juntamente com o gás metano. É sobre esses líquidos, que têm cotação mais alta no mercado externo, que incidirá o reajuste. Uma fonte da Petrobras explicou que o que houve em fevereiro não passou de uma carta de intenções.

Na época, essa carta de intenções foi interpretada por especialistas como uma guinada de posição do governo brasileiro, que desde maio do ano passado havia se posicionado contra um reajuste no preço do gás fora da regra em vigor: de três em três meses, com base em uma cesta de combustíveis.