Título: Senador foi até Lula para pedir ajuda
Autor: Lima, Maria e Godoy, Fernanda
Fonte: O Globo, 31/08/2007, O País, p. 13

Renan tenta garantir o apoio do PT, mas o presidente não garante.

BRASÍLIA. Diante da possibilidade de uma derrota expressiva, que se anunciava no Conselho de Ética, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), reviu a estratégia de levar logo o caso ao plenário - onde acredita que será absolvido pelo voto secreto. Na tentativa de conquistar mais votos, pediu o apoio do próprio presidente Lula, na noite de anteontem. A manobra de adiar a votação de ontem foi para ganhar tempo e tentar obter votos, principalmente os do PT. Lula se solidarizou com Renan, mas não garantiu os votos.

Na conversa, insinuações de prejuízo para o Planalto

O que está em jogo são os votos de Augusto Botelho (PT-RR) e João Pedro (PT-AM), já que o de Eduardo Suplicy (PT-SP) é dado como perdido. O encontro com Lula aconteceu no Palácio do Planalto e foi intermediado pelo senador José Sarney (PMDB-AP), que participou da reunião, mas ontem já tinha embarcado para o exterior.

Na conversa com Lula, Renan e Sarney apresentaram uma situação que implicaria prejuízo para o Planalto. Falaram em uma articulação da oposição para impor dificuldades em votações. Renan foi sutil ao expressar a necessidade de o PT estar unido em sua defesa. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), confirmou o encontro, mas negou envolvimento do Planalto:

- O presidente se solidarizou com Renan. Mas não pode interferir no processo.

Se a votação tivesse ocorrido ontem no Conselho, a derrota de Renan seria expressiva, com 10 dos 15 votos pela cassação. Agora, a expectativa é diminuir essa diferença para sete votos a favor da cassação. A ausência do corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), que estará no exterior semana que vem, entrou na contabilidade pró-Renan, porque corregedor não tem suplente. E Leomar Quintanilha (PMDB-TO), presidente do colegiado, não deve se abster e votará a favor de Renan.

- É claro que uma recomendação do governo ajuda a mudar o voto. E a presença de Renan com o presidente na véspera da votação do Conselho é de um simbolismo grande. Acho que o PT entendeu o recado - dizia Gilvan Borges (PMDB-AP).

Augusto Botelho não quis falar sobre o seu voto, e João Pedro disse que votaria com o PT. A líder Ideli Salvatti (SC) disse que não pode fechar questão, mas está ajudando Renan:

- Há um trabalho de convencimento político.

Renan evitou ontem manifestações públicas. Passou rapidamente no Senado para dar posse a Euclides Mello, suplente de Fernando Collor (PTB-AL), e presidiu sessão solene do Dia do Comerciário. Sobre a polêmica no Conselho, respondeu:

- Não estou acompanhando, por favor me dê licença.