Título: Aliado de Morales renuncia na Bolívia
Autor:
Fonte: O Globo, 31/08/2007, O Mundo, p. 38

Governador deixa cargo após vice-presidente convocar protesto contra moradores locais.

SUCRE, Bolívia. Surpreendendo o presidente boliviano Evo Morales, o governador do departamento de Chuquisaca, David Sánchez, renunciou ontem ao cargo. Sánchez, que pertence ao partido do presidente, o MAS, afirmou que não quer ser responsabilizado por choques entre moradores de Sucre, capital de seu departamento (província), e camponeses que o vice-presidente da Bolívia, Alvaro García Linera, disse que enviará para a cidade.

Sucre é capital legal da Bolívia, mas só mantém o Poder Judiciário, depois que o Executivo e o Legislativo deixaram a cidade durante uma guerra civil há 108 anos. Moradores da cidade pressionam a Assembléia Constituinte a levar os três Poderes de volta para a cidade. Após uma recusa dos deputados do MAS, houve cenas de violência e a Constituinte foi suspensa.

- Não quero ser responsável por enfrentamentos com gente que está vindo de outro lugar e que se esteja criando qualquer situação aqui que provoque dificuldades, talvez gerando mortos e feridos. Dessa situação, não quero ser responsável - disse Sánchez. - Decidi deixar o cargo nas mãos do presidente.

Esta semana, García Linera afirmou que enviaria "cem mil camponeses" para Sucre para sobrepujar os moradores locais numa escala de "dez para um" em seus protestos.

O chefe do Gabinete de Morales, Juan Quintana, disse que Sánchez não pode renunciar:

- O governador de Chuquisaca tem obrigação de cumprir o mandato.

Segundo a legislação, novas eleições deverão ser convocadas. Chuquisaca era um dos três departamentos governados pelo MAS, do total de nove do país.

Ontem também foi o primeiro dia de uma greve de 48 horas dos tribunais bolivianos, em solidariedade a quatro magistrados do Tribunal Constitucional (TC) que o governo pretende demitir. De acordo com a Associação de Magistrados, apenas os tribunais de La Paz funcionaram parcialmente. O governo afirma que os quatro juízes do TC foram suspensos pelo Senado, mas para a oposição, a medida foi arquivada.