Título: Médicos elogiam aumento de preço
Autor: Oliveto, Paloma
Fonte: Correio Braziliense, 13/04/2009, Brasil, p. 7

Se as campanhas antitabagistas encontram na estratégia de marketing da indústria do tabaco um forte oponente, o jeito é mexer no bolso do consumidor. O aumento de 25% na tributação dos cigarros foi comemorado por médicos brasileiros. O preço baixo ¿ o segundo menor da América Latina, perdendo apenas para o Paraguai ¿ é um forte estímulo, principalmente para jovens e para a população de baixa renda, de acordo com eles.

A chefe da Divisão de Controle do Tabagismo do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Tânia Cavalcanti, elogia a iniciativa do Ministério da Fazenda, de fazer cumprir os tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário, e que estimulam o aumento do preço do cigarro como forma de combate ao tabagismo. ¿Vários estudos do Banco Mundial mostram que o aumento do preço é uma das medidas mais eficazes¿, afirma. Em média, um incremento real de 10% diminui a demanda por tabaco em 4% nos países desenvolvidos e em 8% naqueles em desenvolvimento. No Brasil, o consumo pode cair 4,2% em longo prazo.

Fidelidade Para Mônia Andreis, vice-presidente da Aliança de Controle do Tabagismo, não se corre o risco de o fumante apelar para marcas mais baratas e com maiores teores de substâncias químicas. ¿O fumante é muito fiel à marca. A tendência mundial quando há aumento de preço é mesmo a diminuição do consumo¿, diz. Tânia Cavalcanti rebate a alegação da indústria de que o incremento da tributação incentivará a compra de produtos contrabandeados. ¿Isso é uma desculpa. Na União Europeia, já ficou provado que são as próprias empresas que abastecem o mercado ilegal¿, diz.

Para o pneumologista Hassan Ahmed Yassine Neto, do Hospital Raimundo Vasconcelos, de São Paulo, são estratégias como essa que ajudam, de fato, a bloquear o acesso ao cigarro. Ele cita a vitória recente da Assembleia Legislativa de São Paulo, que aprovou a lei de tolerância zero ao tabaco. Pelo texto, só se poderá fumar em casa, ao ar livre e em tabacarias. Nem os fumódromos serão poupados. (PO)