Título: Crédito do BNDES à infra-estrutura já supera o de 2006
Autor: Tereza, Irany
Fonte: O Globo, 05/09/2007, Economia, p. B5

Até agosto, banco havia concedido R$ 16,8 bilhões para o setor, ante R$ 15,1 bilhões em todo o ano passado.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou este ano, até a última semana de agosto, projetos de infra-estrutura (energia, gás, petróleo, logística e telecomunicações) com financiamentos no valor de R$ 16,8 bilhões. É mais que todo o volume de aprovações do setor em 2006, de R$ 15,1 bilhões.

'As aprovações do banco são sinalizador do investimento. E isso demonstra que a crise internacional não impôs um pé no freio aos projetos no Brasil. Até agora não sentimos nenhum movimento de desaceleração', disse Wagner Bittencourt, diretor de Insumos Básicos e de Infra-estrutura da instituição.

Ele lembra que, na penúltima semana de agosto, depois da queda do giro da Bovespa abaixo dos 50 mil pontos, no ápice da crise, recebeu a visita de representantes de bancos europeus interessados em investir em projetos brasileiros de infra-estrutura. Ontem, o Ibovespa já havia voltado aos 55 mil pontos de antes da crise.

'Querem ser co-participantes em fundos de investimento para projetos de infra-estrutura no Brasil. Estão procurando o BNDES porque, como o banco conhece o País, eles têm confiança de que os projetos em que o banco entra têm selo de qualidade', diz Bittencourt.

Segundo ele, os dois setores que estão puxando as operações do banco são os de infra-estrutura e de insumos industriais básicos. Esses setores serão os grandes responsáveis pela liberação de empréstimos, este ano acima dos R$ 61 bilhões inicialmente previstos no orçamento, o que significará aumento de 35% ante 2006.

Nos últimos 12 meses, até julho, as aprovações gerais do BNDES foram de R$ 92,4 bilhões, 59% superiores às do período anterior. Segundo o executivo, desde 2004 há uma força muito grande no investimento, puxada por grandes projetos de siderurgia, mineração, metalurgia, papel e celulose, química e petroquímica. 'São segmentos que continuam firmes em função do preço das commodities e da demanda da China, que ainda é alta', observou ele.

SALTOS

'Continuamos negociando todas as operações que estavam em andamento. Não há nenhum projeto em que os investidores desistiram ou pediram para dar um tempo', afirmou Bittencourt. Boa parte dos projetos de infra-estrutura faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Já os de insumos básicos são de ampliação de capacidade produtiva. 'Esses setores crescem em saltos, por degraus, e estavam com sua capacidade batendo no limite. Todos estão num momento de investimento.'

Bittencourt lembra, ainda, que a redução dos custos de financiamento do banco voltou a atrair grandes empresas que captavam quase exclusivamente no exterior. É o caso, por exemplo, da Companhia Vale do Rio Doce, que tomou R$ 1,359 bilhão para o projeto de expansão da ferrovia de Carajás, no Pará.

'A Vale, particularmente, tem interesse grande em ter hedge (proteção) em moeda externa. De qualquer forma, voltou, sim, ao BNDES. Não só fizemos essa operação como temos outras sendo negociadas para apoiar o programa de investimentos da Vale.'

Entre os projetos aprovados nos últimos três meses, ele cita o da Companhia Siderúrgica do Atlântico, da Thyssenkrupp, no Rio, com financiamento de R$ 1,5 bilhão; Foz de Chapecó, de R$ 1,665 bilhão; CTEEP, de R$ 764 milhões, e Paranatinga Energia, de R$ 123 milhões.