Título: Advogado acusa senador de receber propina
Autor: Lima, Maria e Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 02/09/2007, O País, p. 16

Esquema envolveria o BMG e o INSS; Jucá também foi acusado.

BRASÍLIA. A nova denúncia contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi feita pelo advogado Bruno Miranda Brito Lins, afilhado de casamento de Renan e ex-genro do lobista Luiz Coelho. Em depoimento à Polícia Civil de Brasília, no ano passado, Bruno acusou Luiz Coelho de montar um esquema de arrecadação de dinheiro para Renan em ministérios comandados por pessoas indicadas pelo PMDB, como a Previdência Social e Saúde.

Bruno disse que buscou pessoalmente, em pelo menos seis ocasiões, o dinheiro da propina, e, em uma delas, carregou uma sacola com R$3 milhões. Segundo ele, a propina era paga por bancos que receberam autorização do INSS para operar crédito consignado, entre eles o BMG.

Renan negou participação no esquema e, em nota, classificou as reportagens de "requentadas" e que o depoimento, dado em 2006, foi feito no curso de uma separação litigiosa de um funcionária de seu gabinete. Renan refere-se a Flávia Garcia - filha de Luiz Coelho e sua assessora no Senado - com quem Bruno foi casado por seis anos.

"A Justiça não deu nenhum valor jurídico ao assunto, por tratar-se de visível expediente de provocar escândalo e pressões processuais sobre pessoas que nada têm a ver com briga de casais. O fato a mim atribuído é inteiramente falso, fruto de imaginação e má-fé ", disse Renan.

Um dos relatores da denúncia contra Renan no Conselho de Ética, Renato Casagrande (PSB-ES) disse que a situação do senador fica mais fragilizada:

- Tudo isso vai formando uma convicção contra Renan no Senado.

Romero Jucá nega acusações e diz desconhecer Bruno

O senador Almeida Lima (PMDB-SE), relator que apresentou parecer pela improcedência da denúncia, discordou:

- Um processo não pode se vincular a outro. Quantos fatos já surgiram e foram desmontados, um a um, pelo Renan?

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), disse que não conhece Bruno e negou as acusações. Jucá afirmou que, quando ministro, ele ampliou para 44 o número de bancos em condições de oferecer crédito consignado e que demitiu Carlos Bezerra da presidência do INSS.

- Não tenho nada com isso. Estou tranqüilo - disse Jucá.

O procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, disse que ainda não recebeu cópia do depoimento de Bruno, que prestou depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal há sete meses. Há um mês, o documento foi enviado à Polícia Federal. Mas a PF só pode investigar Renan com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF). O pedido tem que ser formulado pelo procurador-geral.

- Não recebi cópia desse documento - disse o procurador, por intermédio de sua assessoria de imprensa.