Título: Empresário amigo de Renan foi envolvido em escândalo da LBA
Autor: Lima, Maria
Fonte: O Globo, 04/09/2007, O País, p. 9

Garcia Coelho teve condenação de primeira instância, depois anulada.

BRASÍLIA. O empresário Luiz Carlos Garcia Coelho, acusado pelo ex-genro Bruno Miranda Ribeiro Brito Lins de participar de um esquema de desvio de verbas de ministérios controlados pelo PMDB, conseguiu alojar no serviço público a filha, o irmão e um filho. Coelho, que é amigo do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), comprou dele uma casa pelo valor de R$600 mil. A transação foi feita em nome da empresa dele, o Grupo de Assessoria, denunciado pelo Ministério Público por envolvimento com um esquema de desvio de recursos da extinta LBA durante a gestão da então primeira-dama, Rosane Collor. Condenados em primeira instância, ambos acabaram inocentados num segundo julgamento.

Renan foi padrinho de casamento da filha de Garcia Coelho, Flávia, com Bruno, que agora denuncia o ex-sogro. Em 2003, ela foi nomeada para a liderança do PMDB no Senado, com salário de cerca de R$3 mil. Quando Renan assumiu a presidência da Casa, em 2005, Flávia passou ao Prodasen, recebendo R$8 mil.

Outro filho de Garcia Coelho também obteve emprego no serviço púbico. De junho de 2003 a julho de 2006, Luiz Carlos Garcia Coelho Júnior foi chefe da Assessoria Internacional do Ministério dos Esportes - reduto do PCdoB, cujo líder na Câmara, Renildo Calheiros, é irmão de Renan. Coelho tem ainda um irmão, Paulo Roberto de Albuquerque Garcia Coelho, que trabalha na Fundação Nacional de Saúde (Funasa), dominada pelo PMDB, e é conselheiro da Capesesp, a entidade de previdência privada dos servidores da Funasa.

Segundo o Ministério Público, nos anos 1990 o Grupo de Assessoria vendia leite superfaturado para a LBA e depositava parte do dinheiro numa conta fantasma em nome de José Carlos Bonfim, a mando de Paulo César Farias, o PC, para pagar despesas de campanhas.

Renan gosta de negociar com amigos. Suas declarações de Imposto de Renda atestam que, de 2002 a 2006, ele vendeu uma casa e um apartamento para companheiros, pediu um empréstimo a um advogado e comprou uma fazenda de outro amigo. Em dezembro de 2003, vendeu ao lobista Cláudio Gontijo, que fazia pagamentos da pensão a Mônica Veloso, um flat de luxo, em Brasília, por R$160 mil.

O GLOBO tentou contato com Coelho por meio de suas empresas, mas não o localizou.

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