Título: Com alta das importações, saldo em agosto fica 22% abaixo do de 2006
Autor: Duarte, Patrícia
Fonte: O Globo, 04/09/2007, Economia, p. 22

Secretário de Comércio Exterior destaca menor pressão sobre o câmbio.

BRASÍLIA, GENEBRA e RIO. Classificada pelo secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Armando Meziat, como uma "avalanche", a balança comercial brasileira de agosto bateu todos os recordes de exportações e importações, com US$15,101 bilhões em vendas e US$11,566 bilhões em compras no exterior. No entanto, com o ingresso de importados crescendo quase o dobro dos embarques, já são expressivas as quedas nos superávits (diferença entre exportações e importações) tanto no mês quanto no acumulado do ano.

O saldo de agosto, de US$3,535 bilhões, foi 22,4% menor do que o registrado no mesmo mês de 2006. Já o apurado entre janeiro e o último dia 31, de US$27,513 bilhões, ficou US$2,234 bilhões abaixo dos US$29,747 bilhões do mesmo período do ano passado.

Para Meziat, no entanto, a redução do superávit tem como ponto positivo uma menor pressão sobre o câmbio. Afinal, disse, são mais de US$2 bilhões que deixaram de entrar no país, minimizando os efeitos do real valorizado:

- O superávit diminuiu. Então, haverá um alívio na pressão (de baixa) sobre o dólar. Com isso, é possível que a taxa de câmbio melhore um pouco.

Segundo ele, a turbulência no mercado financeiro não atingiu as exportações brasileiras, o que faz o governo ter tranqüilidade em relação ao cumprimento da meta de US$155 bilhões de vendas externas este ano. No entanto, Meziat admitiu que, como mais de 60% da pauta são formados por commodities, o país é mais vulnerável a pressões externas.

- Os exportadores estão compensando eventuais quedas nos preços com o aumento do volume exportado - disse.

O secretário acredita que as importações continuarão crescendo a taxas mais elevadas do que as exportações. Em relação a agosto do ano passado, as compras externas aumentaram 26,9%, com destaque para bens de capital (42,7%), bens de consumo (30,5%) e matérias-primas (29,3%). Somente as aquisições de automóveis subiram 66,8%. Já as exportações cresceram 10,5% em agosto.

Negociações na OMC foram retomadas ontem

Os países membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) reiniciaram ontem, em Genebra, as negociações da Rodada de Doha, paralisada há quase um ano. As conversas estão centradas na agricultura e no consenso de que Doha tem que avançar. O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou ontem, no Rio, que Doha "não vai morrer" e será concluída com sucesso.

- Ela está viva. Estou convencido de que vai se concluir de forma mais exitosa.

(*) Com agências internacionais