Título: Instrução teria evitado tragédia, diz coronel
Autor: Jungblut, Cristiane e Doca, Geralda
Fonte: O Globo, 07/09/2007, O País, p. 3

BRASÍLIA. Autor da norma da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) que só permite pousos em Congonhas, durante período chuvoso, com os reversos das aeronaves funcionando plenamente, o tenente-coronel da reserva Gilberto Schittini contou ontem que chegou a chorar com o acidente do avião da TAM, que matou 199 pessoas no dia 17 de julho. Foi essa resolução que a ex-diretora da Anac Denise Abreu entregou à juíza federal de São Paulo para conseguir a liberação do aeroporto em dias de chuva, e depois disse que o documento não estava em vigor.

Schittini, gerente de Padrões de Avaliação de Aeronaves da Anac, disse que, se a resolução estivesse em vigor, o desastre não teria ocorrido. Ele prestou depoimento ontem na CPI do Apagão da Câmara. Perguntado sobre qual seu sentimento ao lembrar que a norma poderia ter salvado a vida dos passageiros, Schittini respondeu:

- Qual o meu sentimento?! Até chorei por causa disso. A norma teria impedido que o avião pousasse naquele cenário, com pista molhada e reversos funcionando parcialmente.

Para Schittini, a instrução estava valendo desde que foi publicada no site da Anac, em 31 de janeiro. Ele disse que foi surpreendido com a informação de Denise Abreu de que se tratava apenas de um estudo.

- Na minha compreensão, estava valendo (a instrução) desde que foi para o site.

Denise disse no Congresso que, mesmo se a norma tivesse em vigor, não proibiria o pouso do Airbus da TAM que explodiu. O gerente discordou:

- Essa é a opinião dela. O documento foi feito para técnicos e pilotos, não para advogados. O avião não poderia pousar naquelas condições.