Título: Analistas apontam risco de meta ser superada em 2008
Autor: Almeida, Cássia
Fonte: O Globo, 07/09/2007, Economia, p. 21

Mesmo com a alta forte da inflação este mês, economistas não vêem risco de se superar a meta de 4,5% de inflação este ano. A expectativa é de taxas mensais médias de 0,3% até dezembro, o que vai permitir que o IPCA feche 2007 entre 4,10% e 4,20%. Mais perto da meta, porém longe de passar por cima do alvo fixado:

- Já estamos vendo desaceleração nos alimentos. E a telefonia, com queda de 1% neste mês, vai ajudar a baixar mais as taxas. Portanto, riscos para este ano não há - afirma Elson Teles, economista-chefe da Concórdia Corretora.

Mesma opinião tem o professor da PUC, o economista Luiz Roberto Cunha: para este ano, sem risco. Mas em 2008, a análise muda. O efeito benéfico dos preços administrados deixará de existir, já que eles refletirão a inflação deste ano. Como o Índice Geral de Preços (IGP) deve ficar entre 4% e 4,5%, o repasse será maior no ano que vem. Bem maior que os 3,8% em 2006. Além disso, as revisões tarifárias realizadas em 2007 e que baixaram as contas de luz também não entram mais na conta.

- E a demanda externa de alimentos deve permanecer em alta. Outro complicador é o clima, com os extremos acontecendo com mais freqüência, ou seja, chuvas e secas mais fortes. E o câmbio, que vinha ajudando a segurar a inflação, não deve se apreciar mais em 2008 - alerta Cunha.

Assim, os cortes na taxa Selic, que ontem caiu para 11,25%, devem ficar em 0,25% ou ter uma interrupção:

- O cenário para 2008 é mais preocupante. É preciso ser cauteloso na política monetária. E talvez parar a redução, para não precisar subir mais tarde. - diz Teles. (Cássia Almeida)