Título: Parceria política não garante aumento para todos
Autor: Paul, Gustavo
Fonte: O Globo, 08/09/2007, O País, p. 8

Quatro estados alinhados ao Planalto recebem menos verbas que em 2007; já SP, mais 59%.

BRASÍLIA. Ser aliado do Palácio do Planalto - principal critério para liberação de verbas para emendas orçamentárias de parlamentares - não foi a regra na distribuição dos recursos para investimentos nos estados. Os dados do Projeto de Lei Orçamentária para 2008 mostram que vários governadores próximos ao governo federal não receberão aumento significativo desses recursos. Enquanto isso, estados governados pela oposição não têm do que reclamar. Se o aliado Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, receberá mais dinheiro que a antecessora Rosinha Garotinho, o também aliado Piauí, governado pelo petista Wellington Dias, terá aumento de apenas 5,25% nas verbas.

Pernambuco, governado pelo aliado e ex-ministro da Ciência e Tecnologia de Lula, Eduardo Campos (PSB), receberá R$809,1 milhões, 39% a mais do previsto para este ano. Já outros estados comandados por correligionários tiveram incrementos consideráveis: o Pará, da petista Ana Júlia, teve um aumento de 226%, a maior variação proporcional das verbas. Os investimentos federais pularão de R$279,5 milhões para R$911,3 milhões, dos quais 87% serão destinados ao setor de transportes (manutenção de estradas e construção de terminais portuários fluviais). O Acre, do petista Binho Marques, foi brindado com 128% a mais de recursos.

O Ministério do Planejamento argumenta que a definição de verbas de investimento não é política e teve como critério as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Por isso, os governos tucanos de São Paulo e Minas Gerais serão bem aquinhoados. O primeiro receberá R$1,112 bilhão (aumento de 59,3% em relação a 2007), e o segundo, R$1,745 bilhão, 145% a mais em relação a este ano. Apenas quatro estados têm previsão de receber menos recursos: Rio Grande do Norte (menos 22%), Espírito Santo (queda de 7%), Mato Grosso (menos 22%) e Mato Grosso Sul (menos 22%). Todos têm governadores de partidos aliados do governo federal.