Título: Chinaglia: pressa para recompor Anac
Autor: Paul, Gustavo
Fonte: O Globo, 08/09/2007, O País, p. 8

Agência diz que crise acabou, apesar de Infraero registrar atrasos e cancelamentos.

BRASÍLIA. O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), defendeu ontem a recomposição rápida da diretoria da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), começando pela sabatina no Senado do novo indicado para a diretoria da agência, o brigadeiro Allemander J. Pereira Filho. Na última quarta-feira, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, enviou à Casa Civil a indicação do nome do brigadeiro. Dentro da estratégia de mudanças na Anac, Jobim acertou que o presidente da agência, Milton Zuanazzi, será o último a sair.

Três das cinco diretorias da Anac estão vagas, o que significa que a agência está sem poder para deliberar, pois seu estatuto estabelece que as decisões são colegiadas e exigem um quórum mínimo de três diretores. Na segunda-feira, Jobim pretende escolher outro dirigente.

- Com a crise prolongada do setor aéreo e o papel que tem que jogar a Anac, independentemente do que cada um de nós pense a respeito de uma agência reguladora nesse setor, impõe-se a maior agilidade possível para recompor a equipe - disse Chinaglia, indagado sobre a indicação de Allemander.

Infraero: 11,7% dos vôos de ontem foram cancelados

Um dia após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter afirmado, durante entrevista para várias rádios, que ainda existem problemas nos aeroportos do país, a Anac divulgou nota à imprensa afirmando que a crise aérea acabou. Balanço da Infraero fechado às 19h de ontem mostra que, das 1.435 decolagens previstas, 168 atrasaram mais de uma hora e 284 vôos foram cancelados. Isso significa que 11,7% dos vôos programados para o dia atrasaram e 19,8% foram cancelados. Na última segunda-feira, os percentuais registrados foram de 9,5% e 7,4%, respectivamente.

O levantamento de ontem foi feito em 46 aeroportos. No Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, observou-se uma das situações mais críticas: dos 22 vôos agendados, 15 (68,2%) não deixaram o solo e 3 (13,6%) atrasaram mais de uma hora. Em Congonhas, São Paulo, das 203 decolagens previstas, 74 (36,5%) não ocorreram e 8 (3,9%) atrasaram por mais de uma hora.

Os passageiros que pretendiam deixar o Rio sofreram. Dos 65 vôos programados para sair do Santos Dumont, 32 (49,2%) foram cancelados. Os que de fato decolaram não atrasaram. No Galeão, dos 123 vôos agendados, 18 (14,6%) foram cancelados e 15 (12,2%) saíram com atraso superior a uma hora.

A agência alega que o percentual de cancelamentos não é menor porque Congonhas ainda não está sendo utilizado totalmente, e muitos vôos foram transferidos para Guarulhos. A nova malha só vai funcionar a partir de 20 de setembro. A agência defende ainda maior volume de investimentos, "tanto na infra-estrutura aeronáutica quanto na aeroportuária".

A Anac responsabiliza os controladores de vôo pelos atrasos ao iniciar "um movimento reivindicatório provocando atrasos em grande parte dos vôos". A nota destaca que, no Natal do ano passado, a TAM retirou seis aeronaves para manutenção, o que contribuiu "pontualmente para agravar a situação". Além disso cita a crise da Varig, que tinha "70 aeronaves e praticamente deixou de operar".