Título: A variável PMDB
Autor: Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 09/09/2007, O Globo, p. 2

O maior partido do país tem sido carta fora do baralho da sucessão presidencial desde 1989. Consumido em suas brigas internas, o partido não conseguiu construir uma candidatura viável à Presidência da República. Seu presidente, o deputado Michel Temer (SP), tentou em 2006 e tem dito que buscará a candidatura própria em 2010. Ele acredita que o PMDB terá um nome consistente.

Os pemedebistas de Norte a Sul do país acompanham com atenção o desempenho do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. No campo administrativo, chama a atenção pela forma dura como está lidando com a segurança pública. As operações policiais nas áreas sob o comando do crime organizado não só têm a aprovação da população do Rio, como também são vistas com simpatia em todo país. Sobretudo porque a ação repressiva foi planejada para abrir caminho para investimentos sociais e em infra-estrutura. No campo político, ao buscar parceria com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o prefeito Cesar Maia, e ao fazer um governo plural, o governador tenta unir o seu estado e acabar com a beligerância dos últimos oito anos. Uma gestão bem avaliada pela população e a unidade na política estadual são requisitos para quem pretende disputar as eleições presidenciais de 2010. Mas Cabral não quer saber de tratar do assunto:

- É um desrespeito com a população do Rio tratar de outra coisa que não seja administrar o estado.

A despeito dessa postura, as avaliações no PMDB são de que Cabral não tem contenciosos internos relevantes e, portanto, poderia unificar suas diversas alas. Foram as divisões internas que, no passado, solaparam as candidaturas de Ulysses Guimarães e Orestes Quércia; e que fizeram o PMDB não ter candidato próprio em 1998, 2002 e 2006. Consideram ainda que a ausência do presidente Lula como candidato, pela primeira vez desde 1989, abre as portas para a renovação na política brasileira. Acreditam, também, que a população está cansada da guerra entre PSDB e PT, que domina a política brasileira há 14 anos, e quer uma alternativa nova. Por isso, dizem que é hora de apostar numa renovação como fazem os partidos que integram o Bloco de Esquerda (PSB-PDT-PCdoB), que se articulam em torno da candidatura do deputado Ciro Gomes (PSB-CE). Se esse caminho se concretizar, de acordo com alguns de seus quadros, o velho PMDB voltará a ser sinônimo de esperança e mudança.