Título: A crise aérea não está superada, admite Jobim
Autor: Britto, Thaís
Fonte: O Globo, 09/09/2007, O País, p. 10

Ministro desautoriza declaração de Zuanazzi, e afirma que Galeão terá taxa de embarque mais barata que outros aeroportos.

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, desautorizou ontem o presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, e negou que a crise aérea esteja superada. Na última terça-feira, Zuanazzi decretou o fim do apagão aéreo. E anteontem, mesmo depois de o presidente Lula admitir que ainda há problemas nos aeroportos, a Anac divulgou nota reafirmando que a crise acabou.

- A crise aérea não está superada. Temos uma série de problemas a serem resolvidos pela nova Anac. Já caminhamos grandemente para resolver o problema da segurança. Agora, temos que cuidar da questão da pontualidade (dos vôos). Resolver os problemas de atraso e fazer a reconstituição da malha aérea - disse Jobim que, junto com vice-presidente José Alencar, esteve ontem na Parada Naval promovida no Rio pela Marinha, para comemorar o bicentenário de nascimento do Almirante Tamandaré, patrono da corporação.

Jobim disse que há necessidade de descompressão na malha aérea. Segundo ele, a primeira iniciativa será adotar taxas de embarque com valores diferentes, dependendo do aeroporto. Um dos objetivos da medida, afirmou, será induzir o aumento do número de vôos no Aeroporto Internacional Tom Jobim (Galeão), no Rio, que terá tarifas mais baratas que a de outros aeroportos. Em São Paulo, usar o Aeroporto de Congonhas ficará mais caro que o de Guarulhos.

- Se alguém quiser embarcar em Congonhas, tem que pagar preço diferente. Isso servirá para a descompressão da malha.

Jobim confirmou a existência de um projeto de longo prazo para a construção de um terceiro aeroporto em São Paulo:

- Inicialmente, o governador precisa resolver o problema de comunicação que existe entre o Centro de São Paulo e o aeroporto de Cumbica.

O ministro encontrou-se com os comandantes Júlio Soares, da Marinha, e Enzo Peri, do Exército, no veleiro Cisne Branco. E repetiu que não há crise entre ele e os militares. A polêmica começou semana passada, após reação do Exército ao lançamento de livro sobre a ditadura.

- O assunto está absolutamente superado. Os militares entenderam que esse tipo de ação é parte do processo democrático. Não se pode ocultar a memória de um país.