Título: No Tocantins, chances de utilização são boas
Autor: Batista, Henrique Gomes
Fonte: O Globo, 09/09/2007, Economia, p. 30

Obra em Tucuruí avança, mas governo está cauteloso por causa de reservas indígenas.

BRASÍLIA. Entre as hidrovias com futuro promissor, está a do Tocantins, prestes a virar realidade, pois a eclusa de Tucuruí está em ritmo adiantado, apesar de o governo reconhecer que precisará ter cuidados especiais com o trajeto em volta da Ilha do Bananal, que tem grandes reservas indígenas.

A do Tietê-Paraná também está a um passo de ter um grande aumento de uso. São necessárias apenas algumas obras para permitir grandes barcaças no rio, que pode ligar São Paulo a Buenos Aires e ao Uruguai direto. Se forem construídas, as eclusas de Itaipu permitiriam ainda a ligação com a Bolívia, via Rio Paraguai. Ou seja, uma verdadeira hidrovia de integração sul-americana.

Outras hidrovias, porém, ainda não têm boas perspectivas. O Rio Parnaíba, que divide os dois estados mais pobres do país - Maranhão e Piauí - não virou uma grande hidrovia por causa de uma eclusa com o singelo nome de Boa Esperança.

Também no Nordeste, o São Francisco enfrenta problemas. Historicamente a maior e mais importante hidrovia do país, o rio hoje paga o preço do passado desregrado. A degradação ambiental foi tanta que ele só pode ser navegável por 500 km. O fundo do rio está muito baixo e, sem as matas ciliares, alargou. A hidrovia só poderá voltar a ser utilizada com um profundo trabalho de revitalização, que pode levar anos.

Já no Sul, há uma hidrovia que foi muito utilizada e agora pode ser reativada. A ligação entre Estrela/Lagoa dos Patos e o Rio Taquari, que nos anos 70 chegou a transportar quatro milhões de toneladas de soja, hoje leva apenas 10% disso, pois a produção do grão migrou para outras regiões. Produtores de outras culturas começam a discutir o uso da estrutura que já está pronta para, por exemplo, escoar fumo. (Henrique Gomes Batista)