Título: PMDB formaliza união de Garotinho e Cesar
Autor: Menezes, Maiá
Fonte: O Globo, 11/09/2007, O País, p. 10

Acordo anti-PT prevê que DEM indique nomes para disputar 18 prefeituras, incluindo a capital; PMDB fica com o interior.

Aliado nacional e integrante do governo Sérgio Cabral, o PT é agora adversário número 1 do PMDB no estado. Em nome da estratégia de evitar o crescimento do partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no estado, o diretório estadual do PMDB aprovou por ampla maioria - 63 votos a oito - a aliança com o Democrata. O DEM divulgou documento sobre o acordo à tarde. A união prevê que os democratas lancem candidato próprio em 18 municípios, entre eles o Rio, e que o PMDB mantenha a hegemonia no interior. O DEM se compromete a apoiar o candidato do PMDB ao governo do estado em 2010.

Grupo de Sérgio Cabral não participou e lavou as mãos

O novo mapa político, alinhavado pelo acordo, torna aliados o prefeito Cesar Maia e o ex-governador Anthony Garotinho - que já chegaram a se encontrar para tratar do aliança, com direito a conversar sobre programas de governo em comum.

- No momento, nosso adversário no Estado do Rio é o PT. Dois partidos não ocupam o mesmo lugar no espaço. Pessoalmente, eu sempre me dei bem com o Cesar. Não posso achar que o povo é burro, já que o elegeu três vezes - defendeu Garotinho, que já foi contrário à aliança, mas agora quer combater "o assédio do PT a quadros importantes do PMDB".

- A gente faz oposição de verdade ao PT lá no Congresso. E estrategicamente isso nos une agora no estado - disse o presidente regional do DEM, deputado federal Rogério Lisboa, única exceção ao acordo no estado. Com o aval do PMDB e do DEM, ele será candidato a vice na chapa do prefeito Lindberg Faria, candidato à reeleição pelo PT.

O presidente da Assembléia Legislativa, Jorge Picciani, principal articulador do acordo, sustenta que a aliança não cria conflitos com o PT ou com Lula:

- O Lula não é candidato.

O grupo de Sérgio Cabral, minoritário no partido, não foi à reunião do diretório. O deputado estadual Paulo Melo, líder do governo na Alerj, diz que Cabral lavou as mãos para a decisão do PMDB e se posicionou "apenas como militante". O prefeito Cesar Maia, na semana passada, no entanto, confirmou que chegou a se encontrar com Cabral para tratar do acordo.

PT do Rio quer nacionalizar debate sobre acordo

O PT do Rio quer nacionalizar a discussão. Deverá pedir à Executiva Nacional que cobre explicações à direção nacional do PMDB sobre a situação do Rio. A decisão deverá ser tomada na reunião entre as bancadas estadual e federal e o diretório regional do PT, na próxima sexta-feira. Em uma reunião com os petistas, há dois meses, o governador afirmou que lutaria por uma união PT-PMDB em 2008.

- Não conseguimos entender essa aliança entre decadentes - disse o presidente regional do PT, Alberto Cantalice.

Ainda sem nomes para disputar a prefeitura do Rio, o DEM poderá ganhar reforços até o próximo dia 30, data-limite para a troca de legendas antes das eleições de 2008. É possível a migração de peemedebistas para o DEM. Pré-candidato do PMDB à Prefeitura do Rio, o deputado federal Marcelo Itagiba disse ontem que vai manter seu nome até a convenção do partido. Depois da reunião do diretório, a ex-governadora Rosinha Garotinho admitiu pela primeira vez sair candidata à Prefeitura nas próximas eleições:

- Vai depender da decisão da minha família. Minha prioridade é que moremos todos juntos. Hoje, o Garotinho mora no Rio com três filhos e eu com os outros, em Campos.

O interesse ocasional também pôs no mesmo lado, esta semana, Lindberg e Garotinho. Reunidos em Nova Iguaçu, eles conversaram sobre 2010. Apesar de anti-petista, o ex-governador tem algo em comum com o prefeito de Nova Iguaçu: a intenção de criar estratégias contra o crescimento de uma eventual pré-candidatura de Cabral à reeleição. Depois da reunião do diretório do PMDB, Garotinho anunciou a intenção de voltar ao Palácio Guanabara:

- Eu acho que serei o candidato da aliança entre o DEM e o PMDB em 2010. O Cabral deve achar o mesmo. É bom, porque teremos muitos candidatos.