Título: Polícia reage, vai ao Jacarezinho e mata um
Autor: Vasconcelos, Fábio e Goulart, Gustavo
Fonte: O Globo, 11/09/2007, Rio, p. 13

TREM-BALA: Secretário de Segurança diz que o Estado não vai tolerar afrontas e agirá de maneira enérgica.

Operação em favela, em resposta a ataque contra trem, apreende quatro granadas, uma pistola e um fuzil.

No início da tarde, uma grande operação foi realizada na Favela do Jacarezinho pelas polícias Civil e Militar, por determinação do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame. Em nota oficial, o governador Sérgio Cabral anunciou que pedira ao secretário Beltrame para agir com energia. Nelson Santana da Rocha foi morto quando, segundo a Coordenadoria de Operações e Recursos Especiais (Core), trocou tiros com agentes que participaram da operação. Ele foi atingido por um tiro no peito e deu entrada no Hospital Salgado Filho já morto. Parentes que estiveram no hospital afirmaram ao policial civil de plantão que Nelson estava envolvido com traficantes do Jacarezinho. O policial disse que ele aparentava ter 20 anos.

Quatro granadas e um fuzil apreendidos

Vários veículos blindados participaram da ação, que contou também com policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), do 3º BPM (Méier) e do 22º BPM (Maré). Três pessoas foram presas, e foram apreendidos quatro granadas e um fuzil. Uma das granadas já sem o pino de segurança foi achada e recolhida por agentes do Esquadrão Antibomba. Os autores dos disparos contra o comboio com autoridades não foram localizados. O delegado titular da Core, Rodrigo Oliveira, informou que a unidade trabalhou na parte alta da favela. Assim que chegaram lá, disse, os policiais foram recebidos a tiros e Nelson foi baleado.

Ao comentar ontem à tarde a ação da polícia no Jacarezinho para prender os bandidos que atiraram contra o vagão onde estavam autoridades, o secretário Beltrame afirmou que toda ação que afrontar o estado será respondida imediatamente. Beltrame classificou o ataque como inadmissível.

- Acho que não podemos compactuar com isso, porque ali não foi o governador, nem o ministro, foi uma ação do Estado que foi afrontada. E nós demos a resposta hoje. E qualquer outra sinalização no sentido de impedir ou afrontar as ações do Estado vai enfrentar a nossa ação. Vai sofrer a ação do Estado. Acho que o Estado tem que agir de forma enérgica - afirmou José Mariano Beltrame.

Beltrame: visita foi para inaugurar um bem público

O secretário frisou que as autoridades atacadas estavam lá para inaugurar um bem público (inauguração das obras de revitalização do acesso ferroviário ao Porto do Rio) e que não faz o menor sentido uma atitude como a de ontem, de afronta.

- As pessoas não foram lá passear, elas foram lá levar à sociedade uma prestação de serviço, mostrar um patrimônio que estava sendo entregue, e que estava sendo feito ali, e a resposta que os criminosos deram foi essa. Então isso nós não vamos admitir - disse Beltrame.