Título: Setor financeiro lidera crescimento
Autor: Barbosa, Flávia e Nogueira, Danielle
Fonte: O Globo, 13/09/2007, Economia, p. 27

Taxa no trimestre atingiu 9,6%, o dobro da expansão dos serviços no país.

A forte expansão do crédito e da receita com tarifas é um dos motivos dos recordes de lucro dos principais bancos do país nos últimos dois anos. E este vigor está carimbado no Produto Interno Bruto (PIB). Segundo o IBGE, o segmento de intermediação financeira - que inclui financeiras, seguradoras e previdência - completou, em junho, dez trimestres consecutivos de alta e coroou a marca com a maior taxa de crescimento entre todos os setores econômicos pesquisados.

A alta, entre abril e junho, foi de 9,6% - o dobro da expansão trimestral do setor de serviços, 4,8%, no qual está incluído - após crescimento de 10,5% no primeiro trimestre. O coordenador de Contas Nacionais do IBGE, Roberto Olinto, explica que, após a introdução da nova metodologia do PIB, estão sendo apurados dados mais específicos. Por isso, o crédito está aparecendo de forma evidente.

Dez trimestres atrás, o volume de empréstimos (excluindo os habitacionais) somava R$541,320 bilhões. No encerramento do último semestre, estava em R$799,511 bilhões, uma alta de 47,7%.

Segundo Olinto, os bancos ganham nas operações o diferencial entre o custo do dinheiro que captam e a remuneração que cobram para emprestá-lo. É o spread, que está em seu nível mais baixo, mas ainda é elevado. Para uma taxa média de juros de 35,9% ao ano em julho, 25,1 pontos percentuais representam spread.

Além disso, há cada vez mais clientes bancários, que usam novos serviços, pagam tarifas. Segundo dados do Banco do Brasil, a instituição arrecada cerca de R$200 anuais por cliente e a concorrência chega a R$500.

Celulares fazem serviços de informação crescerem 7,5%

Para a economista Claudia Oshiro, da Tendências, a expansão do segmento será mantida nos próximos meses, embora a patamares menores. A esperada redução do ritmo de corte da Selic não vai alterar as condições favoráveis ao crédito:

- Não esperamos queda de renda da população. Se as pessoas ganham mais, acham que podem se endividar mais. E o aumento da procura por financiamento vai reforçar a atividade bancária.

Outro setor que avança é o de serviços de informação. Ampliado pela inclusão de novos dados, cresceu 7,5% no segundo trimestre - após amargar retração de 0,8% no mesmo período de 2006 - impulsionado pela habilitação de celulares. Com peso de 20% no grupo, a informática ajudou no resultado.

- É absolutamente normal numa economia que está crescendo nesta velocidade e hoje tem na informação um ativo - afirma Olinto. (Flávia Barbosa e Danielle Nogueira)