Título: No dia seguinte, mal-estar no plenário
Autor:
Fonte: O Globo, 14/09/2007, O País, p. 8

BRASÍLIA. Vergonha e indignação com a absolvição do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), causaram protestos irados de senadores no plenário, e revolta silenciosa de funcionários. Muitos tiveram que repetir à exaustão que não estavam entre os 46 que foram contra a cassação de Renan.

O senador César Borges (DEM-BA) chegou a dizer que desejava que o painel eletrônico fosse violado para provar que votou pela cassação. O senador Delcídio Amaral (PT-MS), que disse ter votado pela cassação, rechaçou a versão de que teria votado com o grupo da abstenção no seu partido, já chamado ontem de "PT do A".

- Dizer que eu me abstive? Pelo amor de Deus, eu não sou desse grupo, tenham paciência! - disse Delcídio.

Ele apoiou o protesto de seu chefe de gabinete, Luiz Claudio de Brito, funcionário de carreira há 33 anos, que ontem exibia uma tarja preta no braço esquerdo. Cacau, como é conhecido no Senado, decidiu fazer o protesto silencioso desde que sua filha foi agredida no colégio por uma colega, que disse que o pai deveria ser ladrão como os demais no Senado. Do lado de fora da Casa, também houve protestos, como o de Sandro Soares e Éder Teixeira que, vestidos de presidiários, exibiam uma faixa na qual se lia: "Que vergonha, senadores".

O senador Gerson Camata (PMDB-ES) disse que precisa de uma máscara com a inscrição "não sou senador" para conseguir andar na rua.